Bem-estar animal no século XIX

Hoje é o dia mundial dos animais (e, para os católicos, dia de São Francisco de Assis). Em homenagem à data, resolvi fazer um post sobre como eram tratados os animais na Inglaterra do século XIX. Lembrando, sempre, que a abordagem aqui não é tão profunda quanto eu gostaria (por falta de tempo e material de pesquisa, principalmente), mas eu tento trazer informações reais e interessantes. Então, vamos lá?

Não havia um “dia mundial dos animais” ou um “dia mundial da natureza” no século XIX, mas estudiosos, pesquisadores e teólogos frequentemente ponderavam sobre o dever dos homens para com a natureza. Reconhecidamente, essas ponderações não se concentravam em problemas ambientais como os gases estufa. Ao invés disso, no século XIX – no período vitoriano, especialmente –, focava-se na conservação e no tratamento dos animais.

O século XIX foi um ponto decisivo nesse sentido. Em 1800, a primeira lei anticrueldade passou no parlamento. Duas décadas depois, em 1824, Richard Martin – junto de outros vinte defensores da causa animal – fundou a Sociedade de Prevenção de Crueldade contra Animais (Society for the Prevention of Cruelty to Animals). Em um comunicado à sociedade, em 1829, a Sociedade, então com status Real, declarou:

“Os males que essa Sociedade espera amenizar não são fictícios; são fatos muito claros que falam, e imploram em uma língua muito clara para todos que podem sofrer pelo sofrimento dos outros, por todos que ruborizam pela desgraça da humanidade, por todos que acreditam nas verdades de Deus”.

Com o passar do século, livros sobre o bem-estar animal começaram a ser publicados, incluindo o romance Beleza Negra (Black Beauty) de Anna Sewell, que foi publicado em 1877.

(Black Beauty, primeira edição)

Narrado do ponto de vista do cavalo, Beleza Negra revela muitas das crueldades diárias nas carruagens da Inglaterra vitoriana. Muitas dessas crueldades, como suportar a chuva, eram motivadas por caprichos. Os comentários da autora sobre essas crueldades são um espelho das preocupações com os animais naquela época. Como ela faz um personagem afirmar em uma cena:

“Nós não temos nenhum direito de afligir nenhuma das criaturas de Deus sem uma boa razão; nós os chamamos de animais burros, e eles o são, pois não podem nos dizer como se sentem, mas eles não sofrem menos porque não podem falar”.

Já fiquei com vontade de ler esse livro, embora eu já saiba que deve ser um sofrimento completo. Vou ver se encontro para comprar e quem sabe não sai uma resenha por aqui? ?

Mas, voltando ao assunto, ainda que houvesse essa preocupação com os animais no final do século XIX, a verdade é que não era fácil ser um cavalo, um cachorro, um burro naquele tempo.

O período que eu mais pesquiso é a regência (por causa da Jane Austen!) e segue uma passagem que me chocou bastante durante a leitura de Jane Austen’s England, de Roy e Lesley Adkins. Burros faziam o transporte de carvão, e o seguinte relato foi feito por Richard Warner em 1800:

“Cansados e ofegantes devido ao trabalho do dia, os animais são trazidos para cá (Holloway)… com a chegada da noite, são levados para pátios, não como recompensa ou descanso pelos serviços, mas para evitar que escapem da labuta do amanhã. Como eles conseguem uma ninharia durante o dia, o mestre inumano pensa estar desobrigado de lhes dar comida durante a noite; e o que é ainda mais bárbaro, nunca tira de suas costas as pesadas selas de madeira por onde o carvão é transportado, de modo que ficam montadas por semanas a fio, inflamando e aumentando os machucados que causam”. (página 242).

Terrível, né? Outras práticas muito comuns eram as brigas de cachorros e as rinhas de galos. Mas infelizmente nós ainda não podemos dizer que elas foram extintas, não é mesmo? Aliás, os animais – todos eles – continuam sofrendo muito nas mãos dos seres humanos.

Espero que tenham gostado!

Com carinho, Roberta.

Ah! Logo mais teremos mais história do Brasil aqui no blog. Quem gosta? ?

Fontes do post: Mimi Matthews, Roy and Lesley Adkins – Jane Austen’s England (página 242).

Imagem em destaque: Una and the Lion, por Briton Rivière. 1880.

Postado por: Roberta Ouriques

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