Como se comportar como um cavalheiro

Tempos atrás, quando eu estava pesquisando sobre determinado assunto que agora não me vem a mente, eu acabei encontrando o blog de uma escritora chamada Susanna Ives. E, não, eu ainda não li nenhum livro dela (eu comprei, está na lista!), mas acabei me tornando uma leitora de uma forma ou de outra. Ela tem um blog onde ela posta sobre vários tópicos sobre a Inglaterra em seu período regencial, período vitoriano, as primeiras décadas do século XX, enfim, um blog bem completo e interessante.
Como eu gostei muito do conteúdo do blog, enviei um e-mail para Susanna perguntando se poderia utilizar um pouco do material dela por aqui, e ela autorizou (até, porque, muito do conteúdo já é conteúdo de domínio público). Então, teremos muitos posts bem legais e que podem ser bastante úteis quando a gente lê um romance de época ou mesmo para uma autora que está escrevendo seu próprio romance do gênero. E não esqueçam que podem deixar nos comentários os assuntos que vocês mais gostam, caso queiram ver publicados por aqui ?
Bem, o texto que se segue, que é basicamente um manual para os cavalheiros, contém informações que foram retiradas do livro “A system of etiquete”, publicado em 1804, por John Trusler. É um texto bem logo, então como a própria Susanna sugeriu, você pode rolar para baixo e ler apenas os assuntos que te interessam ou que você queira saber no momento ?
Boa leitura!

RESPEITE SEUS SUPERIORES
Se você encontrar um superior, seja em suas caminhadas ou em seus passeios a cavalo, é seu dever fazer a primeira saudação; e se forem para a mesma direção, seja para acompanha-lo ou não, conforme você considerar melhor para ele, você não deve deixa-lo em nenhum momento (a não quer que tenha compromissos) enquanto ele parecer disposto a conversar com você. É um sinal de respeito deixar que seu superior caminhe do lado da calçada, se estiverem caminhando, ou abrir passagem para ele; se ele estiver a pé e você estiver a cavalo, não pode haver um maior e mais forte teste de educação ou maior sinal de respeito do que você instantaneamente dar seu cavalo ao seu criado, se tiver um, e acompanhar seu superior a pé (contando que vocês dois estejam indo para o mesmo lugar); se você não tiver um criado com você, guie seu cavalo pelas rédeas, se puder, ou ofereça suas desculpas por não desmontar. Essa atenção é dada especialmente para as mulheres, e um homem deve ser um idiota se não o faz dessa maneira.
A saudação de pessoas que passam uma por outra, quando em carruagens, é meramente abaixar o vidro lateral e fazer uma breve reverência.
Se você, andando a cavalo ou caminhando, passar por uma pessoa muito superior a você no ranking social, você deve prestar uma reverência e não parar para conversar; se seu superior parar e iniciar uma conversa, você deve atende-lo respeitosamente.
Se estiver cavalgando em companhia de um superior, fique na esquerda dele, quando a estrada permitir; se não, fique para trás. Se a estrada estiver molhada, não o molhe com seu cavalo. Se vocês forem passar por um portão, permita que ele passe antes.
Se estiver andando a cavalo com uma mulher, fique para o lado que ela estiver com o rosto voltado para você.
Quando dirigir, é bom saber que é uma regra, quando pode ser seguida, pegar o lado esquerdo da rua; fazendo isso, carruagens nunca se encontram de maneira a obstruir o caminho uma da outra.
Quando em companhia de um superior, independente se estiver caminhando ou a cavalo, se encontrar um conhecido de menor ranking, não converse com ele, apenas faça uma saudação enquanto passam um pelo outro.
*Quando for fazer uma visita a um superior, se for permitido, não é respeitoso entrar em seu gabinete com sapatos sujos ou casacos: tire eu sobretudo antes de entrar e o deixe, com seu chapéu, bengala e luvas, se a sua visita for ser prolongada, no hall de entrada; se, contudo, for apenas uma visita social, ou a negócios, e que seja rápida, se estiver usando luvas, fique com elas, e permaneça com o chapéu em sua mão.
Se um criado estiver presente, espere ser apresentado, se não, bata na porta gentilmente, e quando autorizado a entrar, ou a sentar, sente-se, mas não em uma poltrona, a não ser que no aposento só existam poltronas. Se você encontrar a pessoa que foi visitar ao ar livre, não coloque seu chapéu até que seu superior o coloque antes, ou até que ele implore que você o coloque. – Princípios da educação
Se alguém saudar o cavalheiro que estiver com você tirando o chapéu e fazendo uma reverência, você deve retornar o cumprimento; se ele for estranho, não precisa necessariamente retirar o chapéu, exceto se se tratar de uma mulher.
Se um superior acompanhar você até a casa dele, e fizer sinal para que você entre antes, ou para que você entre na carruagem, curve-se e entre instantaneamente; nunca dispute com ele, ou fique parado em sinal de respeito, porque aqui o respeito é se submeter a sua decisão. Tenha certeza que ele conhece seu próprio nível e não quer ser lembrado disso; então, se ele ficar em pé e conversar com você com o chapéu na mão, ou levantar de seu assento para te receber, seria falta de educação dizer que não precisa. Isso cairia bem se viesse dele para você, mas não o contrário.
*Se ele desejar que você se sente, ou oferecer a mão, aperte-a; ser muito cerimonioso é ser impertinente. Se no curso da conversa ele levantar para conversar com você, você deve levantar também. De um superior para um inferior, a familiaridade não é apenas tolerável, mas obrigatória; mas de um inferior para um superior, especialmente quando não existe nenhum nível de intimidade, não é apenas impróprio, mas insolente. – Princípios da educação
Se algum superior te oferecer a frente, aceite; seria descortês rejeitar.
*Suas maneiras, seu tom de voz, linguagem, conversação, tudo deve ser humilde, modesto e respeitável. Toda familiaridade quando em companhia de seus superiores, com exceção de quando admitida, deve ser evitada. Se um homem, um superior, te visitar, com seu prévio conhecimento, é uma forma de respeito encontra-lo na porta da carruagem e leva-lo para a melhor sala da casa, alcançar uma cadeira para ele e quando ele pedir que você sente, sente perto, mas em uma cadeira sem braços. Se ele o surpreender e você estiver ocupado em seu gabinete, pare com todo o serviço enquanto ele estiver presente, a não ser que ele queira que você faça o contrário. É algo que devemos a todos os visitantes, sejam superiores ou nossos iguais: trata-los com o devido respeito. Quando uma pessoa superior vai te visitar, não é respeitoso fazer com que ele espere por muito tempo, a menos que você esteja ocupado com outras pessoas de maior ranking; nesse caso, se você puder, envie alguém para entretê-lo até que você possa faze-lo pessoalmente. Quando seu visitante for embora, se for uma mulher, ofereça sua mão, utilizando uma luva, e a ajude subir na carruagem; após isso, espere ao lado da carruagem até que o veículo parta. Se há muitas pessoas com você e uma delas vai embora, os outros ficando para trás, e se o que vai for superior a todos os demais, você deve deixá-los e esperar pelo visitante do lado de fora; se não for o caso, você deve deixá-lo ir embora sozinho, apenas dando uma desculpa. Se o nível social dos convidados for igual, atue na situação de acordo com sua intimidade. Se enquanto você estiver conversando com um nobre, outra pessoa entrar na sala, mas for muito inferior socialmente, você não deve parar sua conversa com o nobre, ou apresentar o inferior pelo nome; deve-se, apenas, fazer uma leve reverência ao inferior e continuar conversando normalmente. Se a pessoa com quem você estava conversando falar com a pessoa que entrou, você pode fazer o mesmo; é impróprio, a qualquer momento, apresentar um inferior para um superior, a não ser que este último peça.
Em resumo, listar todas as particularidades de conduta, para ser respeitoso, seria um trabalho tedioso até o fim; é melhor aprender através da imitação. Um jovem cavalheiro deve observar como homens bem-nascidos agem, em companhia de seus superiores e, se possível, seguir seus exemplos. – Princípios da educação
Se um superior ou uma mulher te visitarem, na hora que eles forem embora, é sinal de respeito acompanha-los até o lado de fora, esperar na porta até que a carruagem parta, curvando-se enquanto isso ocorre. Você deve acompanhar a mulher até a carruagem, com sua mão direita, tomando-a pela mão esquerda de uma forma gentil e modesta.
Se um príncipe for te visitar, a regra de etiqueta é: ir para o lado de fora antes que ele chame a carruagem e acompanha-lo, sem chapéu, além de esperar ao lado de sua porta, também sem chapéu, enquanto a carruagem vai embora. Se for a noite, leve uma vela em cada mão, ilumine as escadas para ele e espere perto da porta, até que a carruagem parta.
As mulheres devem ser respeitosamente levadas de uma sala a outra, para descer as escadas e para subir na carruagem.

RESPEITE SEUS IGUAIS
Quando um convidado esperado vem para jantar com você, se for seu igual ou remotamente inferior, ele deve encontrar sua família em ordem, você vestido apropriadamente e com um semblante bem-humorado. Isso inspira uma alegria imediata em seus convidados, e o convence de sua estima e seu desejo pela sua companhia
Quando seus hóspedes dizem que vão embora, não se deve pedir que fiquem, a não que seja para dormir em sua casa, e mesmo isso não deve passar de um breve comentário afirmando que ele seria bem-vindo se ficasse. Não se deve dizer que a pessoa não deve ir embora nem pedir, privadamente, que atrasem a preparação dos cavalos e carruagem.

ESCOLHA SUAS COMPANHIAS
Se um jovem cavalheiro é associado a um homem de má educação, ou homens sem caráter, é natural supor que ele irá passar a agir com os mesmos costumes, assim como seria infectado se os visitasse quando estivessem doentes.
O antigo provérbio “diga-me com quem andas, e te direi quem tu és” é verificado através da experiência, e aquele que quer ser o melhor homem no seu círculo de conhecidos, logo se tornará o pior em qualquer outro.
*Dependendo da estima, você pode subir ou descer ao nível da companhia que mantém. – Princípios da educação.
Sabendo da necessidade dessas precauções, um baronete de Derbyshire, que inesperadamente herdou o título e fortuna suficiente para arcar com ele, fez o seguinte para obter o respeito de sua vizinhança. Ele era um homem sem educação, e vivia empregado por advogados, com o que ganhava um guinéu por semana. Sua esposa era filha de um pedreiro, uma mulher decente. Ele era respeitado entre seus iguais e seu lugar de encontro habitual era em um pub. Quando herdou o título e a fortuna, depois de se acomodar na mansão da família, ele deu uma festa e convidou todos seus antigos conhecidos junto de suas esposas; tratou-os com hospitalidade e bondade e depois do jantar se dirigiu a eles da seguinte maneira:
“Cavalheiros, foi da vontade da Providência divina me abençoar com essa honraria e ampla fortuna, me tirar da situação obscura em que sempre estive e me colocar em uma condição mais exaltada. Embora o orgulho não faça parte da minha composição, eu sei bem o que é preciso nessas circunstâncias e eu agora estou me mudando e entrando numa classe de pessoas que se espera que eu seja associado. A prudência me obriga, portanto, a abandonar todas as minhas antigas companhias, mas, ao fazer isso, eu nunca irei me esquecer de suas amizades e nem da felicidade que tive em sua sociedade. Eu acredito que todos vocês gostam de mim a ponto de não ficarem descontentes com essa minha decisão; pois se eu continuar a me relacionar com vocês, eu não serei bem recebido entre àqueles que minha fortuna me dá o direito e assim sendo eu desgraçaria meus ancestrais. Eu não pretendo fazer isso nunca. De agora em diante, eu irei ficar feliz em ouvir que estão bem e se, em qualquer momento, eu puder ajuda-los, eu com certeza irei; mas vocês devem esquecer que estive associado a vocês e não pensarem mal de mim por isso.”
A notícia dessa conduta logo se espalhou pela vizinhança. Eles aprovaram e, não muito tempo depois, o baronete deu outra festa, convidando-os e suas ladies. Sua casa estava cheia e sua situação anterior estava esquecida.
O que quer que façam então, jovens, escolham seus amigos entre os mais virtuosos de sua classe. Seja bondoso o quanto quiser com aqueles abaixo de você, mas nunca deixe que eles o excluam da sociedade de cavalheiros.
Isso não é um tratado moral. Eu não vou nem entrar na necessidade de não se misturar ou viver com aqueles largados, mesmo quando são de sua própria classe social. Se você tem respeito por você mesmo, ou espera ser respeitado, você jamais será visto na companhia desses homens que gastam todo o tempo em tavernas, casas de jogos ou bordéis.
*Faça com que sua vontade seja estar na melhor companhia, e quando estiver, copiar suas virtudes e não seus vícios. Você sem dúvida ouviu falar de vícios da moda. São eles: prostitutas, beber e jogar. Acontece que alguns homens, mesmo possuidores de tais vícios, são admirados e estimados. Entenda isso corretamente: não é pelos vícios que eles são admirados, mas por realizações que alcançam ao mesmo tempo. Se eles fossem livres desses vícios, seriam muito mais estimados. – Princípios da educação

CONVIVENDO COM SUAS COMPANHIAS
Se algum cavalheiro for morar perto de você, e você deseja conhece-lo, existem as seguintes regras: se você vive em um estilo parecido com o dele, você deve visita-lo pela manhã; se não, procure ser apresentado ou encontre alguém de maior ranking para te acompanhar com esse propósito. Forçar sua presença sobre o vizinho, numa primeira visita, seria arrogante. Mas se você estiver fixando residência em uma nova vizinhança, você deve esperar para receber a primeira visita, antes de fazer outra, e até que você seja honrado com a visita dos vizinhos, você não deve esperar ser conhecido, exceto quando um amigo te apresenta.
Se um superior se dignar a visita-lo por primeiro, o que acontecerá algumas vezes, já que você irá residir na vizinhança dele, retorne a visita o quanto antes for possível, de preferência no outro dia ou no próximo. Essa será a prova da honra que você entende ter lhe sido prestada. Se o primeiro visitante estiver no seu nível social, você pode retornar a visita na primeira oportunidade conveniente, mas nunca demore mais do que quinze dias, pois seria considerado falta de respeito. Se você for visitar qualquer vizinho, e ele não estiver em casa, nunca esqueça de deixar um cartão de visitas com seu nome e onde você mora, caso contrário a pessoa não ficará sabendo quem a visitou. Se a pessoa receber seu cartão, e não retornar sua visita, significa que não quer ter relações com você. Se você tem alguma dúvida, se o cartão foi ou não entregue, você pode visita-lo novamente, caso considere apropriado.
A primeira visita, e a visita de volta, devem continuar sendo mantidas por três ou quatro semanas, até mais, se você desejar se tornar íntimo da pessoa, embora a intimidade raramente apareça, a não ser que você encontre a pessoa com mais frequência na casa dela ou na casa de algum amigo em comum. É comendo e bebendo juntos que se cria a intimidade e a amizade; de outro modo, um homem pode visitar outro durante anos e mal conhece-lo. Isso acontece. Deixar seu cartão de visita em uma casa é considerado uma visita e pode acontecer de retornarem a visita da mesma maneira de modo que os visitantes nunca estão em casa e, consequentemente, nunca se conheceram pessoalmente. É claro que quando essas pessoas se encontrarem, por exemplo, na casa de um amigo em comum, será um encontro bem estranho.
Quando for realizar suas visitas de praxe (cerimônia), tome cuidado para não se estender muito ou tornar as visitas muito frequentes. Quinze ou vinte minutos é tempo suficiente para trocar cumprimentos ou falar sobre os assuntos do dia. Se os visitantes se tornarem íntimos, o tempo da visita não precisa ser estipulado e eles decidirão entre eles.
Visitas desse estilo, quando no campo, não são esperadas se já passou do horário de uma cavalgada matutina.
Está na moda, entre as pessoas da mesma classe social, nunca estarem em casa para visitas matinais (ou nunca para visitas que não temos intimidade). Portanto recusar-se a atender um visitante quando você não está disposto não pode ser considerado como rude. Nesses casos, seu criado deve ser direto e dizer que você não está em casa. Isso não é, de fato, uma mentira, pois a expressão “não está em casa” quer dizer que você não está disposto para receber visitas e será entendido dessa forma. É claro que se você receber o mesmo recado quando for visitar a pessoa, não deverá ficar ofendido; a não que você tenha sido convidado e chegue no horário indicado.

CONVITES
Esse é um exemplo de um convite para jantar, para um superior. O convite deve ser colocado dentro de um envelope, selado e propriamente endereçado.
“O Sr. R. requisita a honra de ter a companhia de Lorde B na próxima quarta-feira para jantar às cinco horas” Grosvenor Street, 5 de fevereiro.”
Se for em forma de carta:
“Conceda-me a honra, querido lorde, de jantar comigo, na próxima quarta-feira, às cinco horas, e você terá a oportunidade de encontrar lorde S., Sir L e outros conhecidos” De seu respeitoso servo, B. H. Grosvenor Street, 5 de fevereiro.”
A resposta:
“Meu querido senhor, se eu estivesse sem compromissos na próxima quarta-feira, eu me juntaria ao grupo com prazer. Sinceramente, B.” Manchester Square, 5 de fevereiro.”
A resposta para o primeiro convite:
“Lord. B cumprimenta o Sr. R e irá conceder-lhe a honra de comparecer” Manchester Square, 5 de fevereiro.”
Se o convite estivesse sendo entregue para alguém do mesmo nível social que o seu, a palavra favor poderia substituir a palavra honra (exemplo 1).
Se para alguém inferior, o convite não deve conter cumprimentos (exemplo 4).
Quando receber um convite por escrito, nunca deixe de enviar uma resposta por escrito, e isso o quanto antes conseguir fazer. E mesmo que um superior o cumprimente em um convite para você, eu sugiro que você deixe de lado a honraria na hora de responder (a não ser que utilize “respeito” e “melhores desejos”, soando mais humilde) e responda assim:
“O Sr. R irá conceder a si mesmo a honra de esperar por Lorde B na hora marcada” Grosvenor Street, 7 de fevereiro.”
Se estiver deixando sua casa por um período considerável, uma visita de cerimônia aos vizinhos é necessária antes de partir. Se as pessoas não estiverem em casa, deixe um cartão com apenas seu nome e, embaixo do nome, diga que está partindo.
Se o título de um conde advir de um nome de família, como Stanhope, Spencer, etc, o endereçamento correto é Conde Stanhope, Conde Spencer, mas se o título advém de uma cidade ou lugar, como Oxford, Essex, etc, o endereçamento correto é Conde de Oxford, Conde de Essex. O mesmo se dá com marqueses, como marquês Townsend, marquês Wellesley, ou marquês de Exeter, marquês de Tavistock, etc.
– Como endereçar as cartas e convites:
Para um barão: O muito honorável lorde B
Para uma baronesa: Lady B
Para um visconde: Visconde C
Para uma viscondessa: Viscondessa C
Para um conde: Conde D ou conde de D
Para uma condessa: Condessa D ou condessa de D
Para um marquês: Marquês E ou marquês de E
Para uma marquesa: Marquesa E ou marquesa de E
Para um duque: Duque de F
Para uma duquesa: Duquesa de F
Para o filho sem título de um lorde: O honorável J. D, sem adicionar “esq.”
Para um cavalheiro: John E, esq. Se ele for membro do parlamento, adicione MP.
Para um embaixador: Sua Excelência
Nunca envie cartas para nobres ou membros do parlamento pelo selo de dois centavos, em Londres, já que elas não serão entregues. Muitas pessoas proibiram que tais cartas sejam entregues em suas casas, para que não sejam importunados com assuntos desagradáveis. Se estiver em cidades pequenas ou a distância for pequena, é um sinal de respeito enviar as cartas através de um criado.
“Esquire” (escudeiro) é um título arbitrário, que se aplica a maioria dos homens, e é geralmente utilizado para cavalheiros que vivem com seus próprios meios. Comerciantes, advogados, magistrados, conselheiros, capitães e muitos outros podem receber o “esq.” e também homens com grandes propriedades, mesmo que advenham do comércio.
Quando for se dirigir a um nobre durante uma conversa, se ele estiver num nível social abaixo de um duque, sempre diga “meu lorde” e “sua senhoria”, mas este último apenas ocasionalmente. Se conversar com um duque, diga “lorde duque” e “Sua Graça”. Se conversar com um príncipe, “Sir” e “Sua alteza real”. Os iguais e pessoas com alguma intimidade se dirigirão a eles como “Príncipe” ou “duque”.
Se outros nobres estiverem presentes, e você quiser se dirigir a um deles, desde que estejam abaixo de um duque, você falará da seguinte forma: Lorde Exeter, Lorde Ligonier. Se um duque estiver presente, e apenas ele, nós dizemos “duque” ou “meu lorde duque”. Se houver mais de um duque, Duque de Richmond, Duque de Athol, e assim por diante. Nunca abrevie os títulos. Isso seria rude, pois soaria familiar demais, a não ser que você fosse superior ou estivesse no mesmo nível (e ainda assim não cairia bem).
Uma sobrinha ou sobrinho do rei tem apenas o título de “Alteza” e não “Alteza real”. Como, por exemplo, Sua alteza William, duque de Glocester e Sua alteza a princesa Sophia de Glocester. O próximo descendente masculino do duque de Glocester, depois da morte do pai, será apenas “Sua Graça” e não “Alteza”.
Para mulheres de nível, nunca dizemos “milady”. Os criados a chamarão dessa forma, mas não os conhecidos. O correto é “madame”, utilizando o “Sua senhoria” ocasionalmente.

ORDEM DE PRECEDÊNCIA EM JANTARES
Quando for convidado para jantar, sempre esteja no local no horário certo, para não fazer suas companhias esperarem. Quinze minutos, pelo menos, antes do horário indicado e, para evitar atrasos, confira se seu relógio está certo e faça os planos para o caminho. Um superior, de fato, não irá esperar que você chegue, se estiver atrasado; e se você entrar depois que os demais já estão sentados, irá causar uma perturbação.
Pessoas que aceitam convites para jantar com seus inferiores podem se atrasar e fazer com que lhe esperem, talvez até por meia hora, para demonstrar, eu acredito, seu poder – e esse é um tipo de insulto que eles esperam que a gente ature.
Quando for jantar, e quando for visitar um local onde espera encontrar alguém, você deve se vestir apropriadamente e de forma alguma vestir botas. Se receber visitas em casa, tanto rigor não é necessário.
Quando você entrar na sala onde estão as pessoas, cumprimente primeiro a dama da casa, se aproximando dela, curvando-se respeitosamente e então retire-se. Não beije as mãos das damas como faziam anteriormente, a não ser que sejam parentes ou amigas próximas que você não vê por muito tempo (e mesmo se for fazer isso, não faça na frente dos outros). Seu próximo cumprimento deve ser para o dono da casa e depois para o restante das pessoas para quem você for apresentado, sempre com uma reverência.
É necessário, antes do jantar, analisar e considerar os vários níveis sociais das pessoas presentes para que não haja confusão ao entrar na sala de jantar. As mulheres, é claro, irão primeiro e sem dar trabalho para enfileira-las. As damas, é claro, conhecem seus rankings e irão se posicionar corretamente. Suponha que uma duquesa, uma condessa e uma viscondessa estejam presentes. A duquesa será a primeira, a condessa a segunda e a viscondessa após ela, independentemente da idade das mulheres. Se nenhuma mulher nobre estiver presente, as mulheres casadas assumem a frente, de acordo com a idade (as mais velhas primeiro).
Os cavalheiros prosseguem na mesma ordem, mas com quem o dono da casa indicar. Obedeça o que ele disser. O costume, embora eu não consiga achar uma boa razão para isso, estabeleceu que uma menina de dezesseis anos, se for casada, terá precedência sobre uma mulher solteira duas vezes mais velha do que ela. Ela irá, se estiver entre iguais, entrar primeiro na sala, sentará no primeiro lugar da mesa, receberá as melhores atenções, etc.
De acordo com essa forma de precedência, é dever de todos os cavalheiros, especialmente os casados, agir dessa forma; e quando as mulheres são levadas da sala de estar para o salão, ou da sala para a sala de jantar, o cavalheiro de maior nível, ou o homem mais velho, irá acompanhar a dona da casa até a sala de jantar. O próximo cavalheiro de maior nível acompanhará a mulher com o maior ranking, depois da dona da casa e assim por diante até que o dono da casa conduza a última mulher da fila. Quando todos são iguais, homens e mulheres casados assumem a frente, os mais velhos primeiro.
Os lugares na mesa geralmente são preenchidos da mesma forma, as mulheres na ponta de cima da mesa, de acordo com a precedência, e os cavalheiros na ponta mais baixa. Às vezes, os donos da casa irão fazer as coisas de maneira diferente e fazer com que mulheres e cavalheiros sentem alternadamente.
Não pode haver maior sinal de falta de educação do que interromper esta ordem ou sentar onde bem escolher.
A senhora da casa sempre será na parte superior da mesa, se houverem mulheres. Quando não é o caso, o dono da casa ocupa esse lugar.
Quando homens e mulheres sentam misturados, é sinal de boas maneiras ajuda-la com os pratos que estiverem próximos a você.
Limpar um prato com seu guardanapo é rude, já que todo o serviço de jantar deve estar limpo. Se um prato estiver sujo, chame um criado e peça outro.
Brindes durante jantares, entre as pessoas de maior nível social, são desencorajados, mas se o dono da casa dizer um, você pode seguir o exemplo.
Peça o vinho que quiser, sem precisar ser perguntado. Em algumas casas, o senhor anuncia a seus convidados os diferentes tipos de vinho que serão servidos. Em grandes casas, onde isso não acontece, presume-se que haja todo tipo de vinho. Na casa de um amigo, é esperado que você fique à vontade, como se estivesse em casa, e é claro que você pode pedir por qualquer vinho que você saiba que os donos da casa são acostumados a ter, ainda que não tenha sido anunciado ou esteja no menu.
– Contudo, eu não posso fazer melhor do que recomentar que os jovens leiam o pequeno tratado que eu escrevi chamado “As honras na mesa”, que está agora na sua quarta edição, onde irão aprender que condutas devem seguir, sejam visitas ou anfitriões. Aprenderão, também, a arte de trinchar a carne (vários cortes) e como se comportar perante os convidados.
Se você desejar ir embora antes dos outros convidados, nunca tire o relógio do bolso para ver a hora, pois irá parecer que você quer lembrar os outros do horário. Saia à francesa.
Não se deve dar gorjetas aos criados (seria uma ofensa ao dono da casa se você der dinheiro a algum dos criados, pois irá parecer que você acredita que ele não pode paga-los).
Se forem jogar cartas, você não precisa jogar se não gostar, a não ser que não haja pessoas suficientes para um jogo sem você. Mas mesmo nesse caso você pode recusar, se é conhecido por não jogar em lugar nenhum. Sob nenhuma hipótese vá jogar uíste ou quadrilha se você não jogar pelo menos razoavelmente bem. Se você sentar para jogar, nunca dispute ou encontre defeitos na maneira de jogar do seu parceiro.
*Se quiserem que o jogo de cartas se aprofunde em um nível em que você se sinta desconfortável, recuse. Diga que se você tivesse certeza que iria perder, poderia até jogar, mas a sorte pode ser favorável e você tem medo de ter muito dinheiro. Esse tipo de recusa é melhor do que faze-la de uma forma rude. – Princípios da educação
Se for convidado para beber na casa de algum homem, mais do que você acha apropriado, diga: “eu queria poder, mas pouca bebida já me deixa bêbado e mal, e eu seria apenas uma péssima companhia se consentisse”. Então peça para ser dispensado. – Princípios da educação.

Fonte: Susanna Ives

Postado por: Roberta Ouriques

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