Curiosidades sobre o natal no tempo de Jane Austen

Natal passado eu escrevi três posts sobre o natal como Jane Austen conhecia (aqui, aqui e aqui), mas sempre tem alguma informação a mais para um outro post, né? rs! Por isso resolvi escrever o post de hoje, com algumas curiosidades que foram deixadas de fora na oportunidade passada!

A época de natal se estendia desde o dia de São Nicolau (6 de dezembro) até o dia de Reis. Nesse tempo, as famílias e os amigos aproveitavam para se encontrar e aproveitar bailes, música, peças de teatros, jogos e jantares.
As festividades de natal propriamente ditas começavam na véspera de natal e seguiam até a noite de Reis. Diziam que era um sinal de má sorte decorar a casa antes da véspera de natal ou deixar a decoração lá depois da noite de Reis.
Para aqueles que não pudessem estar juntos no dia de natal, o costume era enviar um presente de comida para o jantar de natal, talvez um peru, um ganso, uma cesta de nozes e castanhas ou alguma outra guloseima que as pessoas provavelmente não comprariam. As carruagens na época da regência ficavam cheias de aves e cestas de comida viajando para lá e para cá no dia de natal!
As tortas de natal daquela época eram feitas de carne e doces, como uvas passas. Bolo de ameixa e pudim de figo (arghhhh!) também eram sobremesas tradicionais.
Na manhã de natal era comum que as crianças da casa cantassem a música “Christians Awake” na porta dos quartos de cada convidado.
A princesa Frederica, duquesa de York, trouxe as tradições germânicas para a Inglaterra muito antes do príncipe Albert fazer a mesma coisa anos depois. A primeira árvore de natal na Grã-Bretanha, decorada com laranja e outros doces, provavelmente apareceu no início do século XIX no palácio Oatlands. Naquela oportunidade, a princesa Frederica transformou o salão de baile de Oatlands em uma tradicional feira de natal alemã, com decorações de folhagens, biscoitos de gengibre e velas.
Parte dos deveres da senhora da casa (as grandes casas de campo) era distribuir presentes como roupas de bebê, cobertores, xales, casacos, meias e anáguas de flanela para os arrendatários.

Eu procurei nas cartas da Jane Austen (as que eu tenho acesso) algumas menções à época de natal, mas são bem poucas e bastante aleatórias. Nada falando sobre festas ou algum costume! Jo Beverley, em um artigo sobre o natal na época da regência, escreveu: “Jane Austen raramente menciona o assunto em suas cartas. Em uma carta escrita para sua querida irmã Cassandra, ela desejou um ‘feliz natal’, mas não parecia estar incomodada com o fato de estarem separadas na data, ou fez menção à festividades particulares. Ela foi convidada para jantar em uma casa vizinha, mas não planejava ir porque o tempo estava ruim. O tempo melhorou e ela acabou indo”.

A autora ainda faz menção à cena do capítulo 14 de Persuasão, quando Jane Austen nos deu uma pequena descrição do natal dos Musgrove: “Ao redor da Sra. Musgrove estavam os pequenos Harville, que ela defendia assiduamente da tirania das duas crianças do chalé, enviadas expressamente para diverti-los. De um lado estava uma mesa ocupada por umas meninas tagarelas, que recortavam seda e papel dourado; e do outro, mesinhas e bandejas, curvadas ao peso de empadas e empanados, em que meninos agitadíssimos faziam uma bagunça dos diabos. Tudo isso era completado por uma crepitante fogueira de natal na lareira, que parecia decidida a fazer-se ouvir, apesar de todo o barulho dos outros. Charles e Mary também chegaram, é claro, durante a visita, e o Sr. Musgrove fez questão de saudar lady Russell e se sentou ao lado dela por dez minutos, falando em voz bem alta, mas, em razão da algazarra das crianças em seu colo, quase sempre em vão. Era um belo quadro de família” (Persuasão, páginas 160 e 161, tradução de Roberto Leal Ferreira, edição da editora Martin Claret, 2012).

Para terminar, vou deixar como uma dica de natal um romance de época super fofinho, que se passa na época de natal, é claro! O livro se chama Inesperado reencontro, da Donna Simpson. Segue a sinopse:

ELE REPRESENTAVA TODOS OS SEUS SONHOS DE AMOR E PAIXÃO

Lady Elizabeth Bournaudd decidiu que bancar a casamenteira seria um jeito alegre de comemorar seu octogésimo aniversário e as festas de fim de ano que se aproximavam. Afinal, haveria melhor maneira de recompensar sua jovem e dedicada dama de companhia do que apresentá-la ao seu atraente afilhado? Entretanto, lady Elizabeth não sabia que Beatrice e David já tinham uma história… uma história que não terminara muito bem!

O grupo de hóspedes se reúne para as festividades natalinas na tradicional propriedade de Yorkshire, e têm início as brincadeiras e travessuras… mas o plano cuidadosamente arquitetado por lady Elizabeth corre o risco de não surtir o efeito desejado quando Beatrice e David se virem frente a frente… e se defrontarem com as lembranças do passado!
Pensa em um bom negócio: R$ 3,00 em um livro que eu adorei!

Gente, eu ameeeei esse livro. Um livro delicado, com as histórias bem desenvolvidas e amarradas! O casal principal, Beatrice Copland e David Chappel, tem 39 e 47 anos respectivamente, e isso já me chamou a atenção. Eles precisam lidar com a história que ficou sem resolução entre eles, e o legal é que ao mesmo tempo eles estão “participando” de duas outras histórias, de dois casais de jovens. Pra falar a verdade, eu nem sei qual casal foi meu preferido! Amei os três, e adorei que cada um deles teve seu espaço na narrativa. Se tiverem a oportunidade de ler, garanto que não vão se arrepender 🙂

E agora, sem mais delongas, até o próximo post! Espero que tenham gostado desse.

Com carinho, Roberta.

Postado por: Roberta Ouriques

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