Resenha: Série Irmãs Lyndon – Julia Quinn

Livro um: Mais lindo que a lua (título original: Everything and the Moon), Editora Arqueiro, 271 páginas

Livro dois: Mais forte que o sol (título original: Brighter than the Sun), Editora Arqueiro, 278 páginas

Hoje tem resenha dupla!

Julia Quinn é o pseudônimo utilizado por Julie Pottinger, uma escritora norte-americana de romances. Julia disse que escolheu esse pseudônimo para que seus livros ficassem próximos dos livros da escritora Amanda Quick nas livrarias (logo mais teremos resenha de um dos livros da Amanda Quick, ein?). Julia se formou em história da arte em Harvard e decidiu, quando conseguiu a graduação, que iria cursar medicina, o que exigiria mais dois anos na universidade para se preparar para a faculdade de medicina em si. Durante esse tempo, Julia começou a escrever romances de época que se passavam no período da regência. Quando ela finalmente entrou na escola de medicina de Yale, três romances já haviam sido publicados, e então, após alguns meses na faculdade, Julia abandonou o curso e passou a se dedicar inteiramente aos seus romances.

A série Irmãs Lyndon (uma duologia), originalmente escrita em 1997, conta a história de Victoria e Eleanor Lyndon, filhas de um vigário do interior de Kent, Inglaterra. Em 2018, a Editora Arqueiro, com tradução de Viviane Diniz, publicou os livros pela primeira vez no Brasil (com duas capas maravilhosas).

Vamos começar com Mais lindo que a lua, a história de Victoria, que se inicia em 1809 e termina em meados de 1816:

Foi amor à primeira vista. Mas Victoria Lyndon era a filha do vigário , e Robert Kemble, o elegante conde de Macclesfield. Foi o que bastou para os pais dos dois serem contra a união. Assim, quando o plano de fuga dos jovens deu errado, acreditaram que foi melhor assim.

Sete anos depois, quando Robert encontra Victoria por acaso, não consegue acreditar no que acontece: a garota que um dia destruiu seus sonhos ainda o deixa sem fôlego. E Victoria também logo vê que continua impossível resistir aos encantos dele. Mas como ela poderia dar uma segunda chance ao homem que lhe prometeu casamento e depois despedaçou suas esperanças?

Então, quando Robert lhe oferece um emprego um tanto incomum – ser sua amante -, Victoria não aceita, incapaz de sacrificar a dignidade, mesmo por ele. Mas Robert promete que Victoria será dele, não importa o que tenha que fazer. Depois de tantas mágoas, será que esses dois corações maltratados algum dia serão capazes de perdoar e permitir que o amor cure suas feridas?

Aqui encontramos a história de Victoria Lyndon, a filha de um vigário, e de Robert Kemble, conde de Macclesfield e herdeiro do marquês de Castleford. Num dia qualquer, em junho de 1809, Robert vê Victoria pela primeira vez e se apaixona à primeira vista. Como qualquer apaixonado, ele não deixa o encontro passar batido e resolve conversar com a moça, que também acaba se apaixonando por ele. Esse é o ponto de partida do livro. E é claro que se eles se casassem no capítulo seguinte não haveria muita história para contar, não é?

Então Robert e Victoria aproveitam dois meses juntos, se encontrando sempre que podem, mas nem tudo poderia ser tão fácil. O pai de Victoria acredita que Robert quer apenas seduzir e abandonar a filha, e quando Robert decide informar ao seu pai sobre as intenções de se casar com Victoria, descobre que o marquês de Castleford acredita que a filha do vigário só quer saber do dinheiro do filho. Sem muita escolha, Robert e Victoria decidem fugir, mas o plano do casal apaixonado não dá certo e eles se separam sem nem conversar sobre o ocorrido. Resultado? Eles saem desse caso pensando o pior um do outro.

Sete anos mais tarde, nem Robert nem Victoria sonham em se encontrar novamente, mas é claro que isso acontece. E, mais uma vez, nem Robert e nem Victoria estão dispostos a ouvir o que um tem a dizer para o outro, pois cada um deles acredita que foi enganado. Pobres corações, sofrem, sofrem, sofrem e mesmo assim não conseguem mandar em si mesmos, pois tanto Robert quanto Victoria, meio que a contragosto, precisam assumir (ainda que para si mesmos), que a atração que eles tinham tantos anos antes ainda existe.

Victoria, apesar de sua origem humilde e de todas as provações que precisa enfrentar, é uma mulher forte e decidida e quer, acima de tudo, sua independência. Eu acho o máximo quando a mocinha da história não quer apenas se casar e pronto, quando o impedimento não é apenas um fato externo à vontade da personagem, mas sim suas convicções e princípios, que contrastam com quaisquer ações que ela queira/tenha vontade de tomar. E Robert… Bem, Robert é o típico mocinho “Julia Quinn de ser”. Ele é lindo, divertido, elegante, fica furioso quando alguém mexe com Victoria (adoro essas cenas!), é herdeiro de um marquês (isso conta, vai) e por aí vai. Mas tem uma coisa que me irritou um pouco nele: Robert força a barra. Se uma vontade dele não é atendida, ele faz com que seja – não importam os meios. E isso é meio chato, né? Especialmente para Victoria. Só lendo para saber, mas posso adiantar que não gostei muito de algumas atitudes dele (embora elas tenham sido devidamente repreendidas pela mocinha hehe).

Não é nem de longe um dos melhores livros da Julia, mas pode ser que seja o caso por que foi um dos primeiros livros que ela escreveu. De qualquer forma, tem uma história muito romântica e uma heroína bem construída e que sabe o que quer (o mocinho, infelizmente, não é um dos pontos fortes), os tradicionais diálogos engraçados característicos da autora e as cenas românticas de tirar o fôlego.

Eu também preciso confessar que eu amo os livros em que o casal tem um passado difícil entre eles. Se o autor souber trabalhar com isso, eu acho que a história e a relação entre os dois personagens principais ficam muito mais profundas e interessantes, e esse é exatamente o caso desse livro, embora tudo seja tratado com um toque de leveza. Quando eu comecei a ler, eu já estava “imaginando” o reencontro do casal, em que circunstâncias ele ocorreria e, principalmente, como Julia ia descrever os sentimentos dos dois. Olha um pedacinho:

A boca ficou seca. Não conseguia respirar. Ah, meu Deus. Robert. Ele parecia mais velho. O corpo ainda era forte como uma rocha e musculoso, mas havia linhas em seu rosto que não existiam havia sete anos, e seus olhos pareciam severos. (página 52)

Não é preciso dizer que o reencontro não foi muito agradável para nenhum dos dois, né?

Eu li vários comentários na internet e percebi que muita gente não gostou do livro. Particularmente, embora não esteja entre meus preferidos, eu gostei. Gostei da premissa do livro e gostei bastante da Victoria. E, sendo da Julia Quinn, que de alguma forma me “incentivou” a ler os ditos romances de época, eu não seria capaz de não indicar (guilty!). Agora, sendo sincera, gostei muito mais do segundo livro, Mais forte que o sol, que trás a história de Eleanor “Ellie” Lyndon:

Quando Charles Wycombe, o irresistível conde de Billington, cai de uma árvore – literalmente aos pés de Ellie Lyndon -, nenhum dos dois suspeita que esse encontro atrapalhado possa acabar em casamento.

Mas o conde precusa se casar antes de completar 30 anos, do contrário perderá sua fortuna. Ellie, por sua vez, tem que arranjar um marido, ou a noiva intrometida e detestável de seu pai escolherá qualquer um para ela. Por isso o moço alto, bonito e galanteador que surge aparentemente do nada em sua vida parece ter caído do céu.

Charles e Ellie se entregam, então, a um casamento de conveniência, ela determinada a manter a independência e ele a continuar, na prática, como um homem solteiro.

No entanto, a química entre os dois é avassaladora, e, à medida que um beijo leva a outro, a dupla improvável descobre que o casamento não foi tão inconveniente assim, afinal…

A história, portanto, é sobre Ellie Lyndon e Charles Wycombe, conde de Billington. O primeiro encontro deles é, sem dúvidas, um pouco inconvencional: Charles cai de uma árvore e aterrissa nos pés de Ellie. Desde o primeiro momento, e ainda que Charles não estivesse em pleno domínio de suas capacidades mentais (=whisky), Ellie e Charles reparam em algo interessante um no outro. E, depois de Ellie carregar Charles até um local onde pudesse pedir por sua carruagem, Charles pede sua nova conhecida em casamento.

A princípio, Ellie fica brava, mas depois de muito pensar (especialmente depois de um encontro nada agradável com a noiva de seu pai), ela começa a considerar a proposta. Enquanto Charles precisa de uma esposa para assegurar sua fortuna, Ellie precisa fugir de uma vida dominada pelas vontades da madrasta e então os dois chegam a um acordo: vão se casar para conseguir benefícios para ambas as partes. Charles, é claro, continua herdeiro da fortuna do pai. Ellie, por outro lado, pede que Charles lhe entregue um dinheiro que ela investiu, em nome e escondida do pai, mas que não pode levantar sem a assinatura dele. De acordo com todos os termos, os dois se casam e Ellie imediatamente se muda para Wycombe Abbey.

Lá, além de precisar se adaptar a uma vida como uma esposa, Ellie começa a perceber que alguém está fazendo de tudo para faze-la desistir de permanecer na casa. Mas Ellie é mais teimosa do que parece e não se deixa intimidar sem tentar descobrir o que está acontecendo. Charles, que de início pensa que a esposa é um imã de tragédias, passa a se preocupar mais com o bem estar dela a cada dia, ao mesmo tempo que busca seduzi-la para transformar o casamento de conveniência em um casamento de verdade. E, é claro, em meio a confusões e aventuras (algumas envolvendo Judith, uma perspicaz garotinha de 6 anos), Ellie e Charles percebem que gostam um do outro mais do que achavam ser possível.

Bem, como eu disse ali em cima, eu gostei mais de Mais forte que o sol do que de Mais lindo que a lua. Aqui, ao contrário do primeiro livro da série, nós temos uma mocinha e um mocinho igualmente encantadores. Ellie é uma moça tagarela e decidida (segundo Charles, seria teimosa rs) com um certo tino para os negócios. Charles, um conde com uma mania de escrever listas para todos os assuntos possíveis, é divertido e carismático. Nós vamos descobrindo um pouquinho sobre eles enquanto eles mesmos vão se descobrindo, e, assim como eles, vamos percebendo como os dois se completam e combinam.

Um dos pontos altos do livro é que Ellie e Charles não moram sozinhos – em Wycombe Abbey moram também Helen, uma prima de Charles, e suas duas filhas, Claire e Judith, além de Cordelia, a tia-avó do conde. E nenhuma delas está ali apenas como enfeite rs. Outro ponto forte: há um quê de mistério no livro que eu, fã assumida de romances policiais, adoro. Enquanto alguns acontecimentos vão afetando a vida dos personagens, nós vamos tentando adivinhar quem está por trás de tudo… e é bem divertido.

Há, sim, um pouco de clichê, mas em uma história “tão batida” como o casamento de conveniência é difícil de evitar. Mas não pensem que estou falando mal desse tipo de narrativa, ein? Eu gosto muito dos livros que contam com essa premissa.

Enfim, As Irmãs Lyndon não é a melhor série da autora, mas é bastante romântica e, no final, não é isso que queremos nos romances de época?

Com carinho, Roberta.

Ah! E o próximo lançamento da Julia Quinn, aqui no Brasil, já está programado. A próxima série que vai ser publicada pela editora Arqueiro é a série Rokesbys, que se passa antes da série Os Bridgertons e tem relação com ela. Legal né? O primeiro livro tem previsão para agosto de 2018.

Postado por: Roberta Ouriques

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