O natal no tempo de Jane Austen – 1

Quem aí ama o natal? Eu sou fascinada por essa época do ano! Adoro enfeitar a casa, escuto músicas de natal no carro e tenho coleção de bonecos que cantam, dançam, dão risada (meu brinquedinho favorito é a toca natalina que dança). Por mim seria a época pré-natal o ano todo, tipo naquela música do Nat King Cole:

They don’t know the time or year

And no one seems to care

And this is the reason

The Christmas season

Is celebrated all year

(Nat King Cole – Buon Natale)

É claro que eu não poderia deixar de trazer um pouco do espírito natalino para o blog, né? Teremos resenhas, indicações de filmes, e muitos artigos! Começando com o de hoje, onde vamos tratar o básico sobre como era o natal do tempo de nossa querida e amada Jane Austen.

Eu tenho um livrinho, que eu comprei já faz alguns anos, que se chama “A Jane Austen Christmas”, da Maria Grace, e que é uma maravilha. A autora traz inúmeros tópicos muito interessantes sobre as festividades naquele tempo, desde as datas importantes até receitas de pratos típicos (aliás, vocês gostariam da tradução de receitas?). E foi com esse livrinho que eu comecei a compreender mais sobre como era o natal nesse período.

Normalmente, nós relacionamos o natal com o natal vitoriano (o natal de Charles Dickens, costumo dizer). E sim, é magnífico, e teremos muitos posts sobre ele também, mas as celebrações que estamos tratando hoje são de alguns anos antes. Nas palavras de Maria Grace: “As famílias raramente decoravam árvores de natal. As festividades eram destinadas à socialização, e não à troca de presentes. As festas focavam nos adultos, e as crianças normalmente ficavam no berçário. Os eventos, incluindo bailes, festas, jantares e mesmo celebrações de casamento, começavam uma semana antes do advento (o quarto domingo antes do natal) e se estendiam até o dia de Reis” (tradução livre). Outro site explica: “Não havia Papai Noel e nem meias nas lareiras, e as árvores e os cartões de natal não eram populares até a era vitoriana, décadas depois. Era um tempo de caridade e boa vontade”.

Ou seja, bem diferente da imagem que nós temos do natal vitoriano né? Com a árvore de natal iluminada com velas e cheia de doces e presentes para as crianças. Mas vamos focar: quais eram as datas importantes? Lembrando que quando eu não citar fonte diversa, nós estamos contando com a ajuda do livro de Maria Grace.

Dia 6 de dezembro, dia de São Nicolau: o dia podia ser celebrado com a entrega de presentes, especialmente para crianças. Festas e visitas também começavam perto desse dia.

Dia 21 de dezembro, dia de São Tomé: viúvas e senhoras de idade batiam nas portas de seus vizinhos mais afortunados em busca de comida ou dinheiro. Geralmente, donos de terra cozinhavam e distribuíam trigo, uma comodidade bastante cara.

(Obs: Em inglês, a data leva o nome de St. Thomas Day. Em português, eu creio que seria dia de São Tomé, mas encontrei também que o dia é celebrado no dia 03 de julho por aqui. Para fins de tradução, vou deixar como está, mas fica a ressalva).

Dia 24 de dezembro, véspera de natal: as pessoas decoravam suas casas na véspera de natal, colocando galhos nas varandas. As folhas permaneciam ali até o dia de Reis, quando eram queimadas para espantar o azar. Esse site fala um pouco mais da decoração natalina: “(…) as pessoas usavam seda e papel dourado para decorar suas casas. Também era comum decorar a casa com plantas, como azevinho, visco, alecrim e louro”.

Dia 25 de dezembro, dia de natal: as famílias normalmente iniciavam o dia indo na igreja. Embora não fosse costumeiro trocar presentes no natal, as crianças podiam ganhar pequenas lembranças e os inquilinos davam aos seus senhorios um presente como um gesto de gratidão. O dia finalizava com uma ceia (Obs: em outro post vamos tratar das comidas e receitas).

Dia 26 de dezembro, “Boxing Day”: os criados ganhavam um raro dia de folga e as igrejas distribuíam dinheiro da sua “caixinha dos pobres”. Os mais ricos gostavam de caçar raposas nesse dia.

Dia 31 de dezembro, véspera do ano novo: as famílias limpavam a casa antes de se reunir em um círculo antes da meia noite para dar as boas vindas ao ano novo. Maria Grace também traz algumas curiosidades, como essa tradição escocesa: “Alguns escoceses acreditavam no “primeiro visitante” – o primeiro visitante a pisar na entrada da casa após a meia noite na véspera de ano novo afetava a sorte da família. O “primeiro visitante” entrava pela porta da frente e saía pela porta dos fundos, carregando todos os problemas e as tristezas do ano anterior com ele” (tradução livre).

Dia 06 de janeiro, dia de Reis: uma festa em homenagem ao dia de Reis celebrava o final do período natalino. Festas e bailes eram a ordem do dia. De fato, os jogos turbulentos e a grande quantidade de ponches de alto teor alcoólico fizeram com que a rainha Vitória proibisse as festas a partir de 1870.

Nos outros posts, eu pretendo tratar mais a fundo dos tópicos que podem interessar (especialmente as autoras!), mas já podemos ter uma ideia geral né?

Qualquer dúvida ou sugestões de posts podem deixar nos comentários ?

Espero que tenham gostado!

Com carinho, Roberta.

Fonte: A Jane Austen Christmas, Maria Grace

Austenised

A imagem em destaque é do ilustrador James Griffin.

Postado por: Roberta Ouriques

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