Resenha: O pecado de lady Isabel – Mrs. Henry Wood

Esse livro veio na Caixinha Paris do Clube de leitores da Pedrazul (que é minha editora do coração rs) e, como eu já falei milhões de vezes aqui, eu não faço a menor ideia do porquê eu demorei TANTO para ler (mentira, faço sim: mestrado)! O mestrado acabou (falta “apenas” a dissertação) e estou voltando à minha antiga rotina de leituras… e QUE LIVRO que eu escolhi para começar ein? Difícil uma outra leitura desse ano ser tão boa quanto essa. Olha a sinopse:

Archibald Carlyle, um perfeito cavalheiro admirado por todos em East Lynne e redondeza, apaixona-se e se casa com lady Isabel Vane, a filha do conde de Mount Severn. Sem que ele soubesse, há muito tempo Bárbara Hare já estava apaixonada por ele. A história chega ao seu auge quando lady Isabel vê Bárbara Hare, no gramado sob o luar, sob os braços de Archibald, e, naturalmente, suspeita da infidelidade do marido. E isso leva a um ponto inesperado da trama! Esta é uma história de amor, ódio, ciúme e traição.

Há também a sinopse que a editora colocou na orelha do livro, mas essa tem um leve spoiler, então se não quiser saber, passa direto para o parágrafo subsequente:

Lançado em 1861, na Inglaterra, O pecado de lady Isabel é lembrado, principalmente, por sua trama elaborada e emocionante, centrada sobre a infidelidade e a dupla identidade. Lady Isabel Vane foi uma mulher que se deixou seduzir por um homem que se provou indigno dela. Sem dinheiro e abandonada, depois de um trágico acidente ferroviário, ela aceita um emprego como governanta dos seus próprios filhos.

O casamento de lady Isabel, a filha única de um conde, com Archibald, um respeitável (porém apenas um) advogado, já acontece em razão dessas circunstâncias trágicas que surgem na vida. Apesar disso, seria aquele casamento que não teria como dar errado, sabem? Mas deu e deu muito errado, embora tudo tenha acontecido em razão de um grave mal entendido e daqueles tipos de ações impulsivas que não permitem regresso.

“O conde não era parcial. Lady Isabel era maravilhosamente talentosa por natureza, não apenas na mente como pessoa, mas no coração. (…) Era generosa e benevolente, tímida e sensível até certo ponto, gentil e atenciosa com todos. (…) Poderia seu destino ter sido previsto pelo conde? Não! Isso o teria atingido em seu amor e o levado a morte. Se ousasse prever, certamente a teria mantido como estava diante dele, em vez de permitir que ela entrasse nele.”
O pecado de lady Isabel, página 14, tradução de Catharina Schnell.

De fato, a partir do momento em que cedeu às suas suposições e passou a agir governada por elas, a vida de lady Isabel se transforma de uma maneira terrível. É sofrimento atrás de sofrimento, um arrependimento que vai consumindo a coitada dia após dia e não melhora em nada quando ela resolve retornar para a antiga casa para trabalhar como governanta dos seus próprios filhos. É como se ela precisasse sentar em um teatro e assistir a vida que poderia ter tido, sem poder fazer nada para mudar sua situação.

“É curioso, não, assustador, traçar o fio na vida humana e como as ocorrências mais triviais levam aos grandes eventos da existência, gerando felicidade ou miséria, bem-estar ou aflição.”
O pecado de lady Isabel, página 89, tradução de Catharina Schnell.

“Ela estava infeliz e inquieta, e pouco se importava com o que acontecesse com ela. O ponto mais remoto da terra, não penetrado pelos passos do homem civilizado, parecia o mais desejável para ela. Onde ela iria encontrar isso?”
O pecado de lady Isabel, página 224, tradução de Catharina Schnell.

Nesse livro nós também acompanhamos o sofrimento de Barbara Hare, que sempre foi apaixonada por Mr. Carlyle e, quando ele casa com outra mulher, precisa aceitar que ele está perdido para sempre.

“Seus olhos avarentos vagavam para aquele outro rosto, com sua singular beleza e seus olhos docemente fervorosos, àquela rival que estava sob a proteção de Mr. Carlyle, por cuja proteção ela tanto ansiara.”
O pecado de lady Isabel, página 111, tradução de Catharina Schnell.

Acontece que alguns problemas familiares envolvendo o irmão de Barbara fazem com que ela precise manter contato com Mr. Carlyle. E não poderia ser fácil, não é mesmo? Ao menos não no início dessa nova realidade.

“— Silêncio, sim! Você gostaria que eu me calasse. Qual é a minha miséria para você? Prefiro estar no meu túmulo, Archibald Carlyle, a suportar a vida que levo desde que você se casou com ela. Minha dor é maior do que eu posso suportar.”
O pecado de lady Isabel, página 119, tradução de Catharina Schnell.

Só que é raro um sentimento permanecer imutável diante das tantas circunstâncias da vida… raro na vida real e raro no livro, que foi escrito com uma grande sensibilidade por parte da autora, Mrs. Henry Wood (de quem, aliás, eu nunca havia lido nenhum trabalho, mas agora já tenho a intenção de ler todos). Eu tenho o costume de grifar ou destacar de alguma forma as passagens dos livros que eu gosto e esse livro ficou parecendo um livro técnico, de tanta marcação hahaha. Uma aula para a vida, mesmo!

Além de lady Isabel, Mr. Carlyle e Barbara, nós temos outros personagens igualmente interessantes que contribuem para fazer a gente não conseguir largar esse livro. Miss Corny, Richard Hare, Francis Levison, Afy, Joyce… aquele tipo de história cheia de personagens, plots entrelaçados, mistérios e desfechos impressionantes que poucos escritores conseguem fazer com maestria.

Eu cheguei a chorar lendo o final do livro. Chorar mesmo, com lágrimas caindo e tudo o mais rs. É algo para se notar, porque, apesar de eu ler bastante, é muito difícil eu chorar lendo algum livro. É uma leitura indispensável para quem gosta de clássicos ingleses. Muito bom MESMO! O que não foi surpresa alguma, porque a Pedrazul nunca errou desde o começo do melhor clube de leitores do Brasil! Vale super a pena viu? Não consigo pensar em nenhum ponto negativo desde que me tornei uma assinante (no caso desde o primeiro mês do clube rs).

Ah, eu já fiquei doida para assistir alguma adaptação e a mais recente é de 1982 e tem o filme completo no Youtube. Eu ainda não assisti e nem sei quando vou fazer isso (para ser sincera eu tentei assistir, mas a qualidade de imagem/som me deixa desanimada rs), mas já estou na torcida por uma adaptação novinha em folha. Quem sabe a Netflix não resolve fazer uma minissérie? Tem muito potencial. (Alô, Netflix, corre aqui! Eu ajudo no roteiro!)

Ah! E eu não posso ir embora sem dizer: Mr. Carlyle é um dos melhores “mocinhos” que já encontrei nesses tantos anos lendo clássicos, romances de época, etc… MESMO! Preparem os corações rs!!!

Quem já leu gostou tanto quanto eu? Qual outro livro da autora vocês indicam?

Com muito carinho,

Roberta.

Postado por: Roberta Ouriques

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