Resenha: O visconde que se esconde – Katherine Salles

Hoje tem a primeira resenha de um livro da autora nacional Katherine Salles – mas com certeza não vai ser a última! O Visconde que se esconde é o primeiro volume de uma série de livros independentes entre si chamada “Nobres vitorianos e damas imperiais” que tem tudo para ser sucesso né? Olha os títulos dos livros que bacanas: “O Visconde que se esconde”, “Um marquês nada cortês”, “O Barão que disse não” e “Um Duque e um truque”. E vou dizer: se todos forem bons como o primeiro, we’re in for a treat como dizem os ingleses! rsrs!

Enfim, segue a sinopse para depois eu fazer meus comentários sobre o livro (que, gente que ama um bom livro, custa só R$5,99!):

Candice tem duas grandes paixões: seu cavalo alazão, e seu incrivelmente atraente noivo. Não necessariamente nessa ordem.

Há um motivo especial para ela ter sido batizada com esse nome, e especial também é o seu sentimento por Pedro. Bem, na verdade, vai muito além disso: o desejo ardente queima em seu peito desde muito antes de ele viajar a negócios para a Inglaterra, deixando-a cheia de expectativas para com o seu retorno.

Na ausência de seu prometido, um infortúnio acontece na vida de Candice, provocando uma sucessão de tragédias irreparáveis.

É por essa razão que ela é internada em uma cidade distante, a fim de se restabelecer para o casamento. Lá, a jovem dama descobre sua terceira paixão: a leitura de romances.

Neste ínterim, acontece uma nova reviravolta em seu destino, e o que era para ser uma curta temporada, se torna muito mais do que isso.

Eis que, então, surge em sua vida um belo, elegante e misterioso cavalheiro inglês que parece ter saído diretamente de um dos romances que ela costuma ler. No entanto, o Dr. Tony Cavendish se mostra muito mais real do que Candice imagina. E talvez ele seja Real até demais…

Uma história dramática, quente e divertida, que transita entre o Brasil Império e a Inglaterra Vitoriana.

Antes de tudo, preciso dizer que apesar de o título do livro fazer referência expressa ao mocinho da história (e de ser um spoiler rs), a grande protagonista e a rainha do carnaval todo é a mocinha, Candice Henriques (e eu já amei esse sobrenome que lembra o meu, Ouriques hahaha).

A autora abre a primeira parte do romance (são quatro, no total) com trecho do romance Emma, de Jane Austen: “Bonita, inteligente e rica, com uma casa confortável e bem localizada, parecia reunir as melhores bênçãos sobre a sua existência e vivera até perto dos vinte e um anos em ambiente no qual havia pouquíssima aflição ou preocupação”. E essa citação, de fato, pode resumir a vida de Candice Henriques: herdeira de uma das mais ricas famílias de Petrópolis, Candice passava seus dias cavalgando com seu cavalo Alazão e esperando por cartas de seu noivo, Pedro. A vida que toda menina da sua idade queria ter! Mas como eu sempre digo por aqui, se tudo continuasse às mil maravilhas nós não teríamos o romance para ler né? E é claro que a vida de Candice muda da água para o vinho (ou talvez seja mais apropriado dizer que a mudança foi do vinho para a água rs).

Da forma mais cruel e irreversível que existe, Candice descobre que nada é eterno e precisa remodelar sua vida do zero. O que nunca é fácil para ninguém, né? Perdas irreparáveis, traições imperdoáveis e circunstâncias imutáveis vão moldando a “nova personalidade” da protagonista até que nos deparamos com uma mulher forte, decidida e absolutamente cativante! Como diz a amiga de Candice em uma carta para ela: “Contudo, você não. Candice, você não, porque você não é qualquer mocinha”.

Sabe, diferente da maioria dos romances de época, em O Visconde que se esconde nós temos apenas o ponto de vista da protagonista, sem intercalar com partes em que o mocinho é que narra os acontecimentos. E eu não estou dizendo isso em tom de crítica, viu? A história está longe de ser “apenas” um romance entre um homem e uma mulher e, mais do que isso, traz uma jornada de superação da heroína. Com um quê de Machado de Assis ao conversar com o leitor durante a narrativa, Katherine Salles trouxe essa história à vida sob a ótica da mocinha de uma maneira muito gostosa de ler. Isso não é fácil, viu? Isso sem mencionar as várias menções à Jane Austen e outros autores que estão presentes durante toda a obra:

“No sonho, o noivo segurava sua mão enquanto passeavam por um belo jardim. Ela trajava um vestido lilás, e ele uma sobrecasaca no estilo regencial inglês, tal como os que o Sr. Darcy, do romance da autora de nome desconhecido que se intitulava A Lady, devia vestir quando passeava ao redor dos campos de Pemberley, suas sebes e cascatas”.

Agora, como uma boa amante de um romance de época, eu faço questão também do romance propriamente dito e a história entre Candice e Tony Cavendish é uma fofura só!

“Falar fazia com que ela se esquecesse do constrangimento que era estar tão perto de Tony Cavendish. Ela queria correr, correr para longe, fugir dali e se afastar dele para poder continuar mentindo para si mesma (…)”.

Tudo bem que eu quase tive ataques de desespero em alguns momentos, mas a gente tem que compreender que as coisas nem sempre são como a gente quer (aliás, quase nunca hahaha) e nos livros também é assim. Aliás, esse livro é um livro cheio de sentimentos reais e nós conseguimos nos identificar com a protagonista em vários momentos. Bem, pelo menos eu me identifiquei muito, especialmente em relação ao amor de Candice pelos animais e a problemática dos maus-tratos (temas que eu acho importantíssimos de serem retratados):

“— Eu acredito que tenha sido algum bêbado. Os ferimentos parecem ter sido feitos por mãos humanas — Tony Cavendish concluiu após fazer o curativo.
— Que criatura desalmada seria capaz de machucar um animal tão perfeito? — questionou Candice.
(…)
— Muitas pessoas infelizmente são. O ser humano é surpreendente tanto para o bem quanto para o mal. Sei muito bem disso — concluiu.”

Enfim, minha gente, recomendo muito a leitura desse livro (que, por enquanto, só na versão digital). Além disso (da minha recomendação rs), ao comprar e ler a gente está ajudando uma autora incrivelmente talentosa (infelizmente não é fácil viver como escritor hoje em dia). Eu garanto que todo mundo que ler esse livro vai gostar 🙂

Espero que tenham gostado!

Com muito carinho,

Roberta.

Postado por: Roberta Ouriques

Comentários

Posts relacionados