Esse é um romance histórico de um período que quase nunca posto aqui (acho que só postei sobre a trégua de natal, para ser sincera), mas foi um livro que eu gostei tanto que eu simplesmente não poderia deixar de indicar! Publicado pela editora Arqueiro em 2014 (como eu nunca vi esse livro, senhor?), Querida Sue é a tradução de Letters from Skye da autora norte-americana Jessica Brockmole. Segue a sinopse:
Março de 1912: Elspeth Dunn, uma poetisa de 24 anos, nunca viu o mundo além de sua casa na remota Ilha de Skye, na Escócia. Por isso fica empolgada ao receber a primeira carta de um fã, David Graham, um estudante universitário da distante América.
Os dois começam a trocar correspondências – compartilhando os segredos mais íntimos, os maiores desejos e os livros favoritos – e fazem florescer uma amizade que, com o passar do tempo, se torna amor. Porém a Primeira Guerra Mundial toma a Europa e David se oferece como voluntário, deixando Elspeth em Skye com nada além de esperanças de que ele sobreviva.
Junho de 1940: É o início da Segunda Guerra Mundial e Margaret, filha de Elspeth, está apaixonada por um piloto da Força Aérea Real. A mãe a adverte sobre os perigos de se entregar ao amor em tempos de guerra, mas a jovem não entende por quê. Então, durante um bombardeio, uma parede de sua casa é destruída e, de dentro dela, surgem cartas amareladas pelo tempo. No dia seguinte, Elspeth parte, deixando para trás apenas uma carta datada de 1915. Com essa única pista em mãos, a jovem decide ir em busca da mãe e, nessa trajetória, também precisará descobrir o que aconteceu à família muitos anos antes.
Elspeth Dunn nunca deixou a Ilha de Skye, na Escócia, e nem imaginava que seus poemas poderiam estar sendo lidos nos Estados Unidos:
“O senhor devia ter visto o rebuliço na nossa pequena agência do correio, com todos reunidos para me verem ler minha primeira carta de um “fã”, como diriam vocês, americanos. Creio que essas pobres almas achavam que ninguém de fora da nossa ilha jamais pusera os olhos em minha poesia”. Trecho de Querida Sue, tradução de Vera Ribeiro |
E aí ela responde a espirituosa carta de David Graham, um americano que está sempre atrás de alguma aventura, com ainda mais espirituosidade… e a correspondência deles passa a ser regular e apaixonante! No início eles se correspondem como dois amigos e aí nós vamos notando os pequenos sinais de que os sentimentos estão mudando e se tornando amor. É uma fofura só:
“No meu modo de ver, o seu talento está em impedir que uma escocesa reclusa enlouqueça durante o inverno insular”. Trecho de Querida Sue, tradução de Vera Ribeiro |
Os dois têm seus problemas e seus sonhos e compartilham seus pensamentos um com o outro. Eu bem que queria falar um pouco mais, mas depois de ler a sinopse eu percebi que muito do que eu quero falar pode ser spoiler e eu não quero estragar a leitura de ninguém. Mas é aquela coisa, eles começam a conversar sobre coisas que não conversam com aqueles que vivem próximo deles, sejam familiares, amigos, namorados e etc. David, por exemplo, está desde o início buscando seu lugar no mundo. Ele cursou a universidade por pressão dos pais e está indeciso quanto ao seu futuro, tanto que acaba se voluntariando para lutar na primeira guerra mundial: ou melhor, para dirigir uma ambulância durante a primeira guerra mundial.
“Talvez não nos entendêssemos tão bem quanto no papel. E se a nossa conversa não fluísse da mesma maneira, pessoalmente? (…) E se você me achasse baixa demais? Ou velha demais? (…) Apenas quero manter as coisas do jeito que estão, no qual eu sou misteriosa e, espero, interessante”. “Sue, sue, você é muito engraçada. Nunca lhe ocorreu que talvez eu tivesse medo dos mesmos “e se”? (…) Pense em quando você trava conhecimento com uma pessoa pela primeira vez, Sue. É preciso passar por todas aquelas bobagens superficiais, pelas avaliações dos sotaques e dos paletós xadrez. Um questionamento das aparências. Depois que cada um considera que o outro vale a pena, os dois podem de fato tratar de se conhecer, de dar início àquelas primeiras sondagens. Descobrir que tipo de coisa move o outro – o que o faz gritar, o que o faz rir, o que o faz tremer. Você e eu tivemos sorte. Nunca tivemos de nos preocupar com a primeira parte, a avaliação visual. Entramos direto na parte interessante. Em conhecer as profundezas e a amplitude da alma um do outro”. Trecho de Querida Sue, tradução de Vera Ribeiro |
Anos depois, durante a segunda guerra mundial, Margaret, a filha de Elspeth, está determinada a descobrir o que aconteceu com sua mãe tantos anos antes. As cartas vão se entrelaçando e o mistério aumentando e nós (os leitores) não conseguimos parar de ler até descobrir o que realmente aconteceu com Elspeth e David. Eu li tão rápido que até me espantei (especialmente por ter lido o e-book, quando eu normalmente leio mais devagar).
O livro é escrito inteiramente em formato epistolar (e eu acho que o escritor tem que ser muito talentoso para captar o interesse do leitor nesses casos) e eu realmente acho difícil que alguém leia e termine pensando que não gostou ou não achou muito interessante. É super romântico, com trechos engraçados e, é claro, um mistério para prender nossos olhos no texto. Ah, e para quem gosta de marcar quotes, se prepara que esse livro é cheio de trechos lindos para anotar. Vale muito a pena!
“Quisera eu que você soubesse quanto me faz seguir em frente, quanto me faz continuar a acordar, simplesmente por eu saber que está pensando em mim. Você me levou a voltar a escrever, quando pensei que minha musa havia fugido. Lembrou-me de que não sou apenas uma reclusa solitária. Agora tenho mais alguma coisa. Tenho você. (…) Acha que te que fazer alguma coisa além de continuar a existir aí? É só isso que eu peço. Apenas exista.” Trecho de Querida Sue, tradução de Vera Ribeiro. |
Espero que tenham gostado do post e da indicação!
Com carinho, Roberta.
Comentários