Resenha: Ross Poldark – Winston Graham

Editora Pedrazul, 312 páginas

Título original: Ross Poldark

Tradução: Bianca Costa Sales

Tem adaptação para a TV/Cinema? Sim! Entre 1975 e 1977, a BBC produziu uma série que retratou os sete livros da série Poldark. Atualmente, desde 2015, a BBC está transmitindo uma nova versão da série, estrelada por Aidan Turner e Eleanor Tomlinson. Para saber mais sobre a série, clique aqui.

Cansado de uma guerra cruel na América, Ross Poldark retorna para sua terra e sua família. Mas o alegre retorno que ele esperava torna-se amargo, pois seu pai havia morrido, sua propriedade estava abandonada, e a garota que ele amava estava noiva de seu primo. Porém, sua compaixão pelos mineradores e rendeiros desamparados do distrito o leva a resgatar uma faminta mocinha de rua que estava brigando em uma feira, um ato que altera todo o curso de sua vida.

Winston Graham foi um escritor e nasceu no dia 30 de junho de 1908 em Victoria Park, um subúrbio de Manchester, na Inglaterra. Aos 17 anos, Graham se mudou para Perranporth, na Cornualha, onde viveu por 34 anos. Desde cedo, ele sabia que queria ser escritor, então quando seu pai morreu, Winston foi sustentado pela mãe enquanto escrevia seus romances e tentava publica-los. Ele faleceu no dia 10 de julho de 2003, em sua casa, em Abbotswood, Sussex.

Poldark, sua série de maior sucesso, teve seu primeiro livro publicado originalmente em 1945. Em 2018, a editora Pedrazul trouxe o primeiro volume da série, traduzido para o português, para seu catálogo. “Ross Poldark” é o primeiro de uma série de 12 livros, além de um 13º, de não-ficção, que retrata a Cornualha na época em que a história se passa (e eu espero que não seja excluído dos livros que serão publicados por aqui).

Agora, sobre esse livro maravilhoso e tão esperado (ao menos por mim) que a Pedrazul publicou: eu não podia ter amado mais! Começamos pelo Aidan Turner na capa, né gente? Simplesmente amei! E, tirando a capa que foge um pouco dos padrões da editora, o restante do livro tem a mesmíssima qualidade de todos os outros (eu sou um pouco suspeita, eu já tenho paixão pela Pedrazul desde Evelina, o primeiro livro que eles publicaram). Esse livro, nessa edição, contém pequenos deslizes na revisão (isso lá no final do livro), como falta de aspas para fechar algumas falas, escrito “casaco” quando deveria ser “casado”, etc. Mas nada que vá afetar a leitura de ninguém, ein? É mais um dos meus livros xodózinhos da Pedrazul e é um livro que todo mundo deveria ler.

O livro, que se passa entre os anos de 1783 e 1787, conta a história do capitão Ross Poldark, que retorna da guerra da independência dos Estados Unidos e descobre não apenas que seu pai faleceu, mas que também não deixou nada em ordem para o filho (inclua aqui negócios e propriedade da família). Além disso, Ross volta para a Inglaterra disposto a retomar sua relação com Elizabeth Chynoweth, mas, quando chega, ele fica sabendo que Elizabeth irá se casar… com ninguém mais, ninguém menos do que Francis Poldark, um primo de quem Ross era muito próximo. Com a vida totalmente reformulada, Ross vai precisar dar duro para colocar sua casa, seus empregados e seus negócios nos eixos, além de acabar envolvido em algumas situações que sua personalidade forte não permite que ele deixe de lado.

Vamos falar do Ross, um homem com uma personalidade forte, um tanto sombrio e desiludido em alguns aspectos, mas forte e decidido em outros. Ross Poldark é simplesmente cativante do início ao fim. Apesar de ter uma origem nobre e ser um cavalheiro, Ross não tem medo de arregaçar as mangas e trabalhar para conseguir o que quer. Ele tem um senso de justiça único, e justamente esse senso de justiça ajuda a carregar a história de uma forma muito envolvente. A personagem feminina principal, Demelza, também é um outro prazer para o leitor. Demelza começa de um jeito e nós acompanhamos toda a evolução dela durante a história, seus pensamentos, angústias, sua simplicidade e alguns trejeitos que advém dessa origem humilde. Winston Graham não colocou Demelza ali simplesmente para servir a um propósito na história de Ross, mas deu à Demelza uma história própria. E que história cativante! Além dos protagonistas, nós temos também Elizabeth, uma típica mulher da época, com quem Graham trabalha de uma maneira pouco convencional, Verity Poldark, uma mulher beirando os trinta anos que passou a vida se dedicando à família, mas que chega num ponto crucial da vida onde descobre que ela tem suas vontades e desejos próprios. Mas o livro é realmente feito por todos os personagens (entre eles Francis Poldark, Charles Poldark, Agatha Poldark, George Warleggan, Dr. Choake, Jud e Prudie Paynter) e todos têm suas caraterísticas bem desenhadas e agem de acordo com elas. O legal é que nem sempre uma descrição do personagem é necessária, você consegue imagina-lo completamente apenas por algumas falas em alguns diálogos.

Eu estava muito ansiosa para ler este livro! Eu comecei a ver a série antes de ler e confesso que algumas vezes me senti tentada a comprar os livros em inglês mesmo. Mas, desde que eu comecei a ver a série, lá no início dela, eu já assinava petições para alguma editora trazer esse livro para o Brasil hahaha. E não é que uma editora fez isso? Quando eu vi a postagem no facebook da Pedrazul quase nem acreditei. Comprei o livro na pré-venda, esperei feito uma doida até o carteiro bater aqui em casa e me entregar aquele pacote premiado e acreditam que acabei nem lendo “de cara”? Alguns problemas pessoais atrasaram minha leitura, mas quando eu comecei… só tenho coisas boas para dizer.

É exatamente o tipo de livro que eu amo – nós temos o personagem principal, Ross, e quase toda a história é contada do ponto de vista dele, mas os outros personagens também têm voz. Explico: se temos uma cena entre Ross e Verity, Winston nos conta o que Ross está pensando e sentindo, além de nos dizer o que Verity está sentindo. Isso acontece com quase todos os personagens e nos ajuda a nos identificar (ou não) com todos eles. Eu, particularmente, não acho que isso seja uma coisa fácil e ao longo da leitura você percebe que está lendo um livro essencialmente bem escrito, graças ao talento do escritor (e muito bem traduzido!), além de ser um livro escrito com base em pesquisas e a experiência do autor (que viveu na Cornualha, ainda que não no fim do século XVIII). Sensacional.

Eu realmente não consigo acreditar que alguém leria esse livro e não gostaria da história, da escrita, dos personagens, enfim… se você gosta de romances de época, se você se interessa pela vida cotidiana daquele tempo, se você escreve romances de época, então eu digo: você precisa ler esse livro. E vamos torcer todos juntos para a editora Pedrazul publicar os outros volumes, ein? ? “Demelza” (o segundo livro da série) já está sendo traduzido por eles.

Com carinho, Roberta.

Postado por: Roberta Ouriques

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