Resenha: Série Segredos da Charlotte Street – Scarlett Peckham

Livro um: O duque que eu conquistei
Livro dois: O conde que eu arruinei
Livro três: O lorde que eu abandonei

Recentemente eu terminei de ler a série Segredos da Charlotte Street e resolvi fazer um post sobre ela porque eu gostei bastante e também porque acho que essa série, apesar de compartilhar de muitos dos elementos dos romances de época e das séries de romances de época, inovou bastante em alguns pontos.

Eu já havia postado a resenha do primeiro livro, O duque que eu conquistei, ano passado, então para ler a resenha específica desse livro é só clicar aqui (pode clicar tranquilo que vai abrir em uma nova aba). E eu vou falar especificamente dos outros dois livros também, mas antes quero falar um pouquinho sobre o “universo” das três histórias.

A série tem esse título (Segredos da Charlotte Street) porque em todos os livros temos um personagem com alguma ligação com a casa situada no número 23, Charlotte Street, em Londres. E o que tem essa casa? É um clube privativo, comandado por Elena Brearley, onde os membros vão para realizarem seus desejos… sejam eles quais forem. No primeiro livro, esse personagem é o duque de Westmead, que frequenta o clube. No segundo livro, o frequentador é o conde de Apthorp. E no terceiro livro, os dois personagens (Henry Evesham e Alice Hull) têm essa ligação com o local, ainda que de formas bem distintas.

Normalmente eu já fico ansiosa por outros volumes das séries de romances de época porque a gente sempre tem um vislumbre dos próximos protagonistas e a curiosidade mata né? Mas nessa série a curiosidade foi para um nível acima hahaha. No livro de Westmead e Poppy nós conhecemos Constance (irmã do duque) e lorde Apthorp, retratado como um chato, maçante, etc. o que, obviamente, não é o caso (spoiler: meu preferido). Da mesma forma, no livro de Constance e Apthorp nós somos apresentados a Henry Evesham, um ex-padre determinado a acabar com todos os vícios de Londres. Diz aí, tem como imaginar que esse vai ser um dos protagonistas dessa série? Eu fechei O conde que eu arruinei e abri O lorde que eu abandonei no mesmo segundo rs (e já estou MALUCA pelo último livro, do casal Elena Brearley e lorde Avondale).

Isso dito, vamos conversar um pouquinho sobre O conde que eu arruinei:

Depois que lady Constance Stonewell sem querer arruína o futuro de Julian Haywood, o conde de Apthorp, com sua coluna de fofocas, ela faz a única coisa que resta a uma dama honrada: se oferece para se casar com ele. Ou, pelo menos, para encenar um noivado às pressas e, assim, salvar a reputação do coitado.

Mesmo que isso signifique passar um mês inteiro na companhia do sujeito mais sem graça da Inglaterra, um homem que condena todos os prazeres que ela mais adora.

O conde de Apthorp está prestes a se tornar o homem que sempre desejou quando vê seu nome ser arrastado na lama. E assim que lady Constance, a mulher por quem ele é secretamente apaixonado, confessa que foi tudo culpa dela, não é só o coração dele que se parte em mil pedaços, mas também sua vida inteira.

Agora os dois têm um mês para limpar o nome dele e convencer a sociedade de que estão perdidamente apaixonados. Ao longo desse tempo, Constance percebe que, por trás da fachada tediosa, seu falso noivo é muito mais interessante do que ela poderia imaginar.

Só que conseguir o perdão dele e convencê-lo a levar o teatrinho para a vida real vai ser o plano mais difícil de todos os que Constance já criou. E o mais delicioso também.

Lady Constance não tem nada de recatada: ela se relaciona com os mais variados tipos de pessoas escandalosas, gosta de causar furor, tem uma queda por planejar festas que são comentadas por muito tempo e não se atenta aos bons modos em muitas situações. Totalmente diferente de Julian Haywood, lorde Apthorp, que é a decência em pessoa, educado em todo e qualquer momento e que não consegue deixar de criticar Constance pelos seus excessos. Só que… nada é como parece né? Na verdade, lady Constance possui inseguranças como qualquer outra pessoa, e lorde Apthorp está longe de ser o santo que aparenta ser.

Constance e Apthorp, contudo, só descobrem esse outro lado um do outro depois que embarcam juntos em um plano para salvar a honra e a reputação de Apthorp – reputação estraga por Constance, é claro. Ela resolve se oferecer para casar com ele e estava falando sério, mas acaba dizendo que eles só precisariam fingir após lorde Apthorp não parecer muito feliz ante o prospecto de um casamento com ela. De certa forma, apesar de Apthorp ser completamente apaixonado por Constance, ela não sabe e ele é uma das maiores inseguranças dela. Ê mundinho que dá tanta volta, né? rs!

“Em todos os anos em que dividiram o mesmo teto, ela nunca o vira daquele jeito. Todo… desarrumado e largado.
Talvez devesse ter arruinado a reputação de Apthorp muito antes, pois naquele estado ele era a visão mais atraente que ela já tivera.
Os olhos dele, cor de mel, se abriram de súbito.
— Casar com você? — disse ele com a voz rouca, como se as palavras arranhassem sua garganta ao sair.
Não era um começo auspicioso.”
O conde que eu arruinei, página 23, tradução de Livia de Almeida.

Apthorp também não faz a menor ideia de que Constance, em verdade, gosta dele. Para ele não existe nenhuma dificuldade em fingir estar apaixonado por Constance, uma vez que isso é verdade, a não ser, é claro, o fato de que o espetáculo de teatro uma hora chega ao fim e ele precisaria seguir a vida sem ela.

“Aquela semana o transformara. Fizera com que decidisse sair daquele estado vergonhoso, se transformar no tipo de homem que merecia respeito.
O tipo de homem que poderia, no fim das contas, ser digno de uma jovem como Constance Stonewell.
No entanto, por Constance ser inalcançável, talvez ele também nutrisse ressentimentos. O que não seria justo com ela. Pode ser que tenha agido de modo infantil em uma ocasião em que ela precisava que fosse uma alma mais velha e mais sábia.”
O conde que eu arruinei, página 131, tradução de Livia de Almeida.

Para piorar, mesmo que tudo não passasse de uma “farsa”, Apthorp pensa que seus atos no passado, atos bastante escandalosos, iriam arruinar a vida de Constance. Então os dois ficam nessa de “fingir” estarem apaixonados, muitas vezes deixando de enxergar o óbvio e sofrendo por isso, daquele jeito que a gente adora mas que faz a gente se irritar de vez em quando rs!

Eu adorei esse livro do início ao fim. Para ser sincera, teve apenas uma parte, mais no final, que eu achei que poderia ter sido diferente, mas, ainda assim, não me desagradou totalmente. É engraçado em algumas horas, é bastante romântico e também é um livro cheio de fogo no parquinho hahaha. Absolutamente +18 rs! Aliás, para pessoas que não se sentem confortáveis com esses temas e essas cenas, não recomendo a leitura (inclusive há uma cena de relato de abuso sexual).

E, da mesma forma, não recomendo a leitura de O lorde que eu abandonei para essas mesmas pessoas. Esse terceiro é o mais pesado nessa esfera e inclusive lida muito com a fé e como ela se relaciona nesse aspecto da vida:

O lorde-tenente Henry Evesham é um homem religioso que está investigando as “transações carnais” em Londres. Suas visitas a casas de má reputação o deixam ávido por ajudar as pessoas perdidas para o vício. Ao mesmo tempo, circular nesse ambiente é um desafio à sua promessa de se manter longe das tentações.

Alice Hull é uma jovem nascida no campo que trabalha como aprendiz em um clube privativo. Enquanto se entrega ao turbilhão de ideias e prazeres provocadores da capital, uma tragédia faz com que ela precise desesperadamente voltar para casa.

Quando o belo e piedoso Henry lhe oferece a única carona possível em meio a uma nevasca, ela sabe que não tem como recusar, mesmo que não confie nele.

Ao viajarem juntos, as suspeitas mútuas que nutrem aos poucos se transformam em um desejo inesperado. Só que Henry representa uma ameaça às pessoas que Alice ama, e ela, por sua vez, pode acabar com a reputação dele se o lorde-tenente se permitir chegar perto demais.

O problema é que, quanto mais tempo passam juntos, mais difícil é manterem as mãos longe um do outro.

Minha expectativa com esse livro estava nas alturas e talvez, por isso, tenha sido o que eu menos gostei. Não significa, contudo, que não gostei (apesar de eu realmente não ter gostado do final).

Henry e Alice são aquele casal totalmente improvável. Ele é gigante, ela é miúda; ele é super religioso, ela não é nada religiosa; ele vem de uma família rica, ela vem de um ambiente mais humilde… sem contar, claro, que eles estão em lados opostos, por assim dizer, em uma questão de extrema importância para os dois.

Henry já havia encontrado Alice uma vez e decidiu, na mesma oportunidade, que precisava ficar longe dela. Então é claro que ele não considera uma viagem de carruagem (apertada!) com Alice a situação ideal, primeiramente porque Henry se sente atraído por ela e a considera uma provação. Para Alice a situação também não é das melhores, já que Henry é uma ameaça para a própria vida dela no estabelecimento de Elena Brearley.

Durante a viagem, contudo, Henry vai percebendo que Alice não é um demônio de três cabeças – apesar das blasfêmias que ela solta de vez em quando hahaha –, e Alice começa a enxergar Henry além do lorde-tenente religioso e moralista que ela detesta.

“Quem diria? Uma mulher destemida e de língua afiada, treinada por uma especialista em castigar homens que se consideravam superiores, acabou se revelando um acessório eficaz a ser levado para um jantar em família. Ah, a onda de pura e radiante afeição que Henry sentiu por Alice enquanto ela olhava com fúria para seu irmão, como se Jonathan não fosse melhor do que uma pulga.”
O lorde que eu abandonei, página 86, tradução de Livia de Almeida.
“(…) Mas, ao observar Henry e os amigos abaixarem a cabeça em oração, viu a tranquilidade no rosto de todos.
Como era comovente ver Henry Evesham conduzindo-os àquele estado de paz.
Ela havia se equivocado quanto ao que ele acreditava – ou talvez tivesse apenas presumido erroneamente que sabia (…).
Mas não tivera então alguns vislumbres dele?”
O lorde que eu abandonei, página 129, tradução de Livia de Almeida.

Achei que o personagem Henry Evesham foi muito original, já que eu nunca havia lido nenhum romance de época com um personagem religioso dessa forma, radical até. Achei, em algumas partes, que Alice trata a fé dele com muita leviandade e isso me incomodou um pouco, porque por mais que eu tenha tentado eu não consegui gostar muito dela.

Como eu já mencionei, não gostei do final desse livro, e, de certa forma, isso fez com que eu não me tornasse uma das maiores fãs de O lorde que eu abandonei. Aliás, foi sentando para escrever a resenha que eu percebi o quanto eu fiquei decepcionada com o livro hahaha (boa parte por minha própria culpa, já que eu estava imaginando uma perfeição rs).

Anyway…. estou adorando essa série e espero que Scarlett Peckham escreva logo o quarto volume. Adorei a escrita dela, a criatividade, e acho que ela ainda vai trazer muuuitos livros bons para nós que amamos esse mundo!

Quem já leu? Deixa um comentário, eu adoro trocar opiniões sobre os livros!

Com carinho, Roberta.

Postado por: Roberta Ouriques

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