Resenha: Um marido de faz de conta – Julia Quinn

Série Os Rokesbys, segundo volume

Editora Arqueiro, 294 páginas

Título original: The Girl with the Make-Believe Husband

Tradução: Thaís Paiva

 

Eu adoro a Julia Quinn (tanto que já encontrei ela duas vezes em sessões de autógrafos) e acho que elencaria a série Os Bridgertons como uma das séries que mais gostei de ler (e não tenho dúvidas que vou a-m-a-r assistir a série que vem por aí na Netflix). O negócio é que depois dos Bridgertons, eu nunca mais tinha gostado muuuuuuito de um dos livros da Julia rs. Melhor dizendo: eu gostei muuuuuuuuuito do livro A soma de todos os beijos, da série Smythe-Smith, mas, tirando esse, os outros permaneciam na categoria do “ok”. Até Um Marido de Faz de Conta… esse eu terminei encantada!

Segue a sinopse:

ENQUANTO VOCÊ DORMIA…

Depois de perder o pai e ficar sabendo que o irmão Thomas foi ferido durante uma batalha, Cecilia Harcourt tem duas opções: se mudar para a casa de uma tia ou se casar com um vigarista. Para fugir desses destinos, ela cruza o Atlântico, determinada a cuidar do irmão. Após uma semana sem conseguir localizá-lo, ela encontra o melhor amigo dele, Edward Rokesby, inconsciente e precisando desesperadamente de cuidados. Mas, para permanecer a seu lado, Cecilia precisa contar uma pequena mentira…

EU DISSE A TODOS QUE ERA SUA ESPOSA.

Quando Edward recobra a consciência, não entende nada. A pancada na cabeça o fez esquecer tudo que aconteceu nos últimos três meses, mas ele certamente se lembraria de ter se casado. Apesar de saber que Cecilia é irmã de Thomas, eles nunca foram apresentados. Mas, já que todo mundo a trata como esposa dele, deve ser verdade.

QUEM DERA FOSSE VERDADE…

Cecilia coloca o próprio futuro em risco ao se entregar ao homem que ama. Mas, quando a verdade vem à tona, Edward também pode ter algumas surpresas guardadas para a nova Sra. Rokesby.

Perda de memória, ausência de comunicação fácil, viagens impulsivas que duram mais de um mês, soldados guiados pela honra… como não amar romances de época? rs. Um celular com créditos acabaria com os problemas dos protagonistas em dois tempos, mas qual seria a graça, não é mesmo? Afinal, lemos para fugir da realidade que muitas vezes não tem nenhuma magia hehe. E como sugere o título, Um Marido de Faz de Conta é mágico!

Cecilia Harcourt vive, na companhia do pai, em um vilarejo de Derbyshire… e como nem o local e nem a companhia são empolgantes, ela gasta boa parte do tempo escrevendo para seu irmão, Thomas, que está nas colônias (o livro se passa durante a guerra da independência dos Estados Unidos). São justamente essas correspondências que possibilitam um primeiro contato entre Cecilia e Edward Rokesby – o melhor amigo de Thomas Harcourt – e os dois passam a ter algumas palavrinhas um para o outro a cada chegada do correio.

Tudo vai bem, obrigada, até que o pai de Cecilia morre, e ela se vê diante de um destino terrível: casar com seu primo, Horace. Além disso, a última notícia que teve de seu irmão foi uma carta de um general lhe informando que Thomas havia se ferido em combate. A combinação das situações faz com que ela tome uma decisão impulsiva e parta, a bordo de um navio, rumo às colônias. Chegando lá, a busca por Thomas se prova infrutífera, mas Cecilia acaba encontrando o capitão Edward Rokesby, inconsciente e ferido. E para que sua presença ao lado de Edward seja permitida, Cecilia conta uma mentirinha: diz a todos que é esposa do oficial. Afinal, qual podia ser o problema? Assim que Edward despertasse, ela poderia dizer o que estava fazendo ali e os dois seguiriam a vida como se nada tivesse acontecido. Cecilia só não imaginava que Edward ia acordar e acreditar que estava casado com ela.

Para Edward, a princípio, seu novo estado civil não fazia muito sentido. Ele iria lembrar de ter casado, certo? Era filho de um conde, e mesmo que não estivesse contando os dias para juntar as escovas com alguém, sabia que isso era inevitável… tão inevitável quanto um casamento conforme os costumes (e as vontades de sua mãe). Então como foi que ele acabou casado – através de uma procuração! – com Cecilia Harcourt? Cavalheiro que é, Edward só sabe de uma coisa: tudo indica que Cecilia é sua esposa e ele deve trata-la como tal. E para Edward isso significa muito! Tanto que Cecilia, mesmo consumida pela culpa, começa a fantasiar com um futuro onde o casamento de mentirinha se torna um casamento de verdade…

Esse é o primeiro livro da Julia Quinn que se passa fora da Inglaterra. Eu achei que o cenário foi bem explorado, gostei da forma que algumas informações sobre o período histórico em que a história se passa foram inseridas no livro (especialmente as curiosidades militares, com os hospitais e alojamentos diferenciados para os oficiais e os soldados de menor ranking, as peças de teatro encenadas pelos próprios soldados, etc), mas tenho uma pequena ressalva. Como a escrita da Julia Quinn é mais leve, com uma pegada mais cômica, eu estava pensando em como ela iria tratar um tema mais pesado como a escravidão. E podem me corrigir se eu estiver errada, mas eu lembro de apenas um trecho onde essa temática foi levantada, logo no início do livro (página 41 para ser exata). Não que eu esteja criticando, ok? Foi uma opção criativa da autora e eu respeito totalmente! Só estou falando disso pois pode ser que outras pessoas tenham a mesma dúvida que eu, ou comprem o livro esperando alguma coisa que não tem ali.

E agora deixa eu confessar uma coisinha: embora eu tenha adorado a Cecilia, Edward é o verdadeiro protagonista desse romance rs! Começando que nós “conhecemos” ele no livro anterior, Uma Dama Fora dos Padrões, e nossa curiosidade já fica atiçada. Além disso, achei que ele possui um quê irresistível de Colin Bridgerton (meu Bridgerton preferido), ou seja: é um Colin Bridgerton com ares de militar. E preciso falar alguma coisa sobre os soldados dos romances de época? Eu sei que não tem nada de romântico em uma guerra, mas fazer o quê se a iminência do perigo dá um toque extra nas histórias? Rs!

Se bem que o perigo não é um fator decisivo em Um Marido de Faz de Conta (apenas os perigos regulares que podem surgir se você se encontra no meio de uma guerra rs). O principal, aqui, é a mentira de Cecilia, que:

  1. Inicia a história;
  2. Complica os sentimentos de Edward, e
  3. Complica o que poderia acontecer naturalmente.

Explico: Cecilia já estava caidinha por Edward antes de embarcar para os Estados Unidos, e Edward também nutria uma espécie de afeição pela irmã de seu amigo. Só que eles não se conheciam! E Edward passa a conhecer Cecilia acreditando que ela é sua esposa, ou seja, ele não tem a menor intenção de refrear qualquer sentimento de admiração (ou amor) que possa surgir pelo caminho rs. Isso, é claro, exerce um efeito bem negativo nos sentimentos de Edward quando ele descobre que continua tão solteiro como sempre foi. Mas não condenem a Cecilia, viu? Foi uma mentirinha inventada no desespero, e por uma boa causa rs.

Por fim, eu só quero dizer que só essa capa faz valer a pena ter esse livro na coleção né? Absolutamente maravilhosa! Embora eu não consiga decidir se essa é minha preferida ou se é a capa do próximo volume da série (que eu já estou doida de vontade de ler)…

Espero que tenham gostado,

Com carinho, Roberta.

Postado por: Roberta Ouriques

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