Resenha: Beleza Negra – Anna Sewell

Editora Dracaena, 225 páginas

BELEZA NEGRA foi publicado pela primeira vez em 1877 e de lá para cá tem emocionado milhões de leitores em todo o mundo.

Beleza Negra é a autobiografia de um cavalo, um livro dotado de pureza e simplicidade e que passa uma mensagem universal de amor pelos animais.

Antes de falar do livro em si, eu queria falar um pouquinho sobre Anna Sewell, porque uma mulher com o coração tão bom a ponto de escrever um livro desses merece ser conhecida!

Anna Sewell (imagem retirada do site Wikipedia)

Anna nasceu em Great Yarmouth, Norfolk, no dia 30 de março de 1820, filha de Mary Wright Sewell, uma autora de livros infantis. Ela foi educada em uma família Quacker, e tanto Anna quanto seu irmão foram educados em casa, pela mãe, em razão da falta de dinheiro para que os dois pudessem estudar em alguma escola. De acordo com a Wikipedia:

Aos quatorze anos, Anna escorregou e machucou os tornozelos gravemente. Ela não pôde ficar em pé sem uma muleta ou caminhar pelo menor período que fosse durante toda a vida. Para que tivesse mais mobilidade, ela usava carruagens puxadas por cavalos com frequência, o que contribuiu com seu amor pelos cavalos e para a preocupação sobre o tratamento que os humanos dispensavam aos animais.

Quando escreveu Beleza Negra, entre 1871 e 1877, Anna estava morando em uma pequena vila de Norfolk chamada Old Catton (que foi onde ela faleceu, aos 58 anos no dia 25 de abril de 1877):

Durante esse tempo, a saúde de Anna começou a declinar; geralmente ela estava tão fraca que ficava de cama. Escrever era um desafio. Ela ditava o texto para a mãe e a partir de 1876 começou a escrever em pedaços de papel e posteriormente sua mãe transcrevia o texto.
O livro é o primeiro romance inglês a ser narrado através da perspectivade um animal não-humano, no caso um cavalo. Embora atualmente seja considerado um livro infantojuvenil, Anna originalmente escreveu para aqueles que trabalhavam com cavalos. Nas palavras dela: “uma motivaçãoespecial foi induzir bondade, simpatia e um entendimento sobre como tratar os cavalos”. Em muitos aspectos o livro pode ser compreendido como um guia para a criação de cavalos, o gerenciamento de um estábulo e domação de potros. Considera-se que o livro teve efeito no que diz respeito à redução da crueldade com os cavalos. Por exemplo o uso de gamarras, que são particularmente dolorosas para um cavalo e uma prática com grande destaque no romance: nos anos após a publicação do livro as gamarras perderam a popularidade e saíram da moda.

(Wikipedia)

Bem, desde que descobri que esse livro existia (foi quando escrevi esse post aqui), eu fiquei maluca para ler. Até comprei uma versão em inglês uma vez, em um sebo, mas como sempre fui adiando a leitura. Até que, certo dia, encontrei no site Estante Virtual e comprei em português mesmo (sorry daddy!).

Já falei aqui no blog que meu livro preferido é Um cântico de natal, de Charles Dickens, e que eu considero um livro que todo mundo devia ler pelo menos uma vez na vida. É exatamente assim que estou me sentindo sobre Beleza Negra. Se eu pudesse, compraria milhares de exemplares e deixaria nas escolas. Um livro singelo e curtinho, mas com uma mensagem linda e necessária. É impossível não se comover, juro!

“(…) lembre-se, todos devemos ser julgados de acordo com nossas atitudes, quer sejam em relação aos homens ou aos animais”
Beleza Negra – A autobiografia de um cavalo, página 53, tradução de Letícia Campopiano

O livro é narrado por Beleza Negra, um cavalinho muito querido que desperta a simpatia de qualquer um. Ele faz seus amigos (Merrylegs, Ginger…) e nos transporta para dentro da vida, das alegrias e das tristezas dos cavalos. Ele começa contando do seu nascimento e infância (na casa de um bom dono, onde ele era bem tratado) e segue narrando todas as fases da sua vida, como cavalo de uma família nobre, um cavalo de táxis e assim por diante, usando a experiência de seus amigos (como um cavalo de guerra) para mostrar ao leitor como a vida era sofrida para eles. Tem trechos que são de partir o coração! As pessoas dependiam muito da força do cavalo naquele tempo, e a vida dos animais estava longe de ser fácil. Hoje em dia temos tantos casos de maus tratos, imagina naquela época?

“— Apenas ignorância! Apenas ignorância! Como você pode falar sobre apenas ignorância? Você não sabe que essa é a pior coisa do mundo, depois da maldade? E qual delas causa mais mal, só Deus sabe. Se as pessoas podem dizer, ‘Oh! Eu não sabia, não fiz por mal,’ eles acham que está tudo bem”
Beleza Negra – A autobiografia de um cavalo, página 87, tradução de Letícia Campopiano.

Aqui tem o livro para comprar em versão digital e aqui o livro em versão física. Eu garanto que não vão se arrepender. E mais do que isso: a gente termina a leitura sendo uma pessoa melhor.

Para terminar, vou deixar mais um trechinho do livro aqui ( Beleza Negra – A autobiografia de um cavalo, página 212, tradução de Letícia Campopiano):

Não temos o direito de angustiar nenhuma das criaturas de Deus sem uma ótima razão para tal. Chamamos de animais mudos, e são mesmo, pois não podem nos dizer como se sentem; mas eles não sofrem menos porque não podem falar

Com carinho, Roberta.

Postado por: Roberta Ouriques

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